Ministério Público investiga uso de veículos de bombeiros em manifestação
A Procuradoria-Geral da República confirmou que está a investigar um alegado uso abusivo de veículos no protesto grevista dos bombeiros, em Novembro de 2018.
O Ministério Público (MP) está a investigar a utilização indevida de veículos das corporações de bombeiros para se deslocarem a uma manifestação da Liga dos Bombeiros Portugueses em Lisboa, avançou esta sexta-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR).
"Confirma-se a existência de investigações relacionadas com a utilização de veículos das corporações nas deslocações para manifestação de bombeiros", refere a PGR numa resposta enviada à agência Lusa.
A 24 de Novembro de 2018, cerca de três mil bombeiros bombeiros e 750 viaturas participaram, na Praça do Comércio, em Lisboa, numa manifestação organizada pela Liga dos Bombeiros Portugueses em protesto contra as propostas do Governo na área da protecção civil.
A resposta da PGR surge após o Jornal de Notícias ter noticiado na semana passada que a Polícia Judiciária está a enviar cartas a corporações de bombeiros, questionando-os sobre a autorização da viagem a Lisboa, número de bombeiros e despesas relacionadas com a deslocação ao protesto.
Em causa poderá estar o alegado uso abusivo de viaturas das corporações dos bombeiros voluntários.
Liga dos Bombeiros "estupefacta"
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) manifestou-se "completamente estupefacta" com a investigação do Ministério Público sobre a utilização de veículos das corporações de bombeiros na deslocação até Lisboa para uma manifestação.
"Não estamos preocupados, estamos estupefactos por estarmos agora a ser questionados pela justiça porque utilizamos numa concentração os nossos meios. Não conseguimos entender", disse à agência Lusa o presidente da LBP, Jaime Marta Soares.
"Temos o direito de nos concertarmos como e quando quisermos, temos o direito de sair com as nossas viaturas como e quando quisermos, temos o direito de utilizar o nosso património como e quando quisermos", sublinhou.
Jaime Marta Soares sustentou que as viaturas são propriedade das associações humanitárias de bombeiros voluntários, que são organizações da sociedade civil.
Segundo o presidente da Liga, das cerca de 10.400 viaturas das corporações de bombeiros, só 78 pertencem ao Estado.
Jaime Marta Soares frisou que são as corporações dos bombeiros que pagam o combustível e os seguros das viaturas.
"Respeitamos a lei e acreditamos na justiça portuguesas, mas exigimos respeito", afirmou, questionando os motivos da investigação.
Jaime Marta Soares adiantou que a LBP tem conhecimento que duas corporações de bombeiros receberam uma carta da Polícia Judiciária e uma outra foi contactada pelo procurador do tribunal da área dessa corporação, mas não especificou quais.
Na carta enviada às corporações, a Polícia Judiciária quer saber quem autorizou a viagem a Lisboa, número de bombeiros e despesas relacionadas com a deslocação ao protesto.