Porto: empresa municipal de cultura estará pronta antes do São João
Rui Moreira "preferia criar uma empresa municipal exclusivamente de Cultura", mas depois de duas recusas do Tribunal de Contas não quis perder tempo. Outra solução, disse, levaria "muitos meses" a ser concretizada
O presidente da Câmara do Porto "preferia criar uma empresa municipal exclusivamente de Cultura", mas essa opção levaria "muitos meses" a ser posta de pé e por isso Rui Moreira decidiu alterar os estatutos da Porto Lazer para incluir aquela área na empresa municipal já existente. "Desta forma é mais rápido. A alteração legislativa proposta pelo PS e incluída no Orçamento de Estado permitia a criação da empresa municipal de Cultura, mas teríamos de voltar a fazer um estudo económico, submeter ao Tribunal de Contas e cumprir uma série de procedimentos. Com esta alteração aos estatutos, poupamos muitos meses e reduzimos a imponderabilidade [do processo]. Passa a ser uma decisão tomada no Porto", afirmou Rui Moreira, em conferência de imprensa.
O independente espera ter o novo contrato-programa "nas próximas semanas", apontando o "funcionamento pleno" para "antes [das festas] do São João", o que significa transferir para a empresa municipal todas as vertentes da cultura municipal, sendo que, em relação à gestão do Coliseu, é "mais pertinente" chegar a "entendimento" com o Estado e a Área Metropolitana do Porto (AMP) para "fazer obras".
"Relativamente ao Coliseu, vamos ver. Estamos disponíveis para o trespasse da actividade. Mas há uma questão mais pertinente: as obras. Para fazer obras, é preciso entendimento com os dois parceiros da Associação Amigos do Coliseu, o Estado e a AMP. Não temos a certeza de existirem fundos europeus", observou Moreira.
Em Março de 2018, o autarca anunciou que a câmara "quer e pode" reabilitar o Coliseu do Porto, a necessitar de obras de cerca de seis milhões de euros, tendo, para isso, de haver um trespasse do equipamento para a autarquia, através da empresa de Cultura.
O anunciou foi feito após o primeiro chumbo do Tribunal de Contas à empresa municipal de Cultura, do qual a autarquia recorreu, recebendo nova recusa de visto em Maio de 2018. Agora, Rui Moreira sublinha que a autarquia preferia "ter uma empresa municipal de Cultura pura e dura", mas que não queria atrasar mais o processo: "Já passou muito tempo. Precisamos rapidamente de ter um instrumento para cumprir o nosso programa eleitoral", vincou.
Moreira esclareceu que foi a alteração legislativa introduzida no OE deste ano que passou também a permitir a reestruturação da Porto Lazer de forma a abranger a Cultura. O autarca observou, por isso, que optar por esta solução não significa "dar razão à oposição", mas fazer algo que apenas agora é permitido por lei.
Para além dos teatros municipais, o Cinema Batalha é um dos equipamentos que a Porto Lazer vai gerir. Quanto às verbas necessárias para a Porto Lazer reestruturada (o autarca não quis adiantar qual o nome da futura empresa), Rui Moreira esclareceu ser necessário apenas uma transferência da dotação prevista para a Cultura. "O orçamento que está em algumas direcções municipais terá de passar para a empresa", observou.
De acordo com o presidente da câmara, a nova empresa vai ainda permitir "dar garantias de continuidade" aos que estavam a colaborar com o município na área da Cultura "de forma precária". A "administração da empresa municipal também vai ser alterada, desde logo por uma questão de género", acrescentou.
Na proposta que Rui Moreira levará quarta-feira a reunião do executivo, explica-se que "é através da alteração dos estatutos de uma empresa já existente que mais rapidamente se chegará ao desiderato enunciado".