Novo Banco vai pedir 1,15 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução
Depois dos 800 milhões de euros financiados pelo Fundo de Resolução em 2018, ex-BES vai precisar de novo reforço. Banco teve prejuízo de 1,42 mil milhões de euros no ano passado e reviu em alta perdas de 2017 para 2,3 mil milhões de euros, mais mil milhões do que o divulgado anteriormente
O Novo Banco vai pedir uma injecção de capital de 1149 milhões de euros Fundo de Resolução, divulgou hoje o banco.
"Em resultado das perdas das vendas e da redução dos ativos legacy, o Novo Banco irá solicitar uma compensação de 1.149 M€ [1,149 mil milhões de euros] ao abrigo do actual Mecanismo de Capital Contingente (CCA). Este montante decorre em 69% das perdas assumidas sobre os activos incluídos no CCA e 31% devido a requisitos regulatórios de aumento de capital no quadro do ajustamento do período transitório dos rácios de capital e ao impacto do IFRS 9", refere o banco em comunicado.
Segundo o banco, o valor das compensações relativamente a 2017 e 2018 "totalizam 1,9 mM€ [1,9 mil milhões de euros] que compara com o montante máximo estabelecido no CCA de 3,89 mM€" (3,89 mil milhões de euros).
O Fundo de Resolução, entidade que pertence à esfera do Estado e é gerida pelo Banco de Portugal, detém 25% do Novo Banco, detendo o fundo de investimento norte-americano Lone Star os restantes 75%.
Em 2018, o Fundo de Resolução foi chamado a injectar cerca de 800 milhões de euros no antigo BES (relativos ao exercício anterior), e para este ano o Orçamento do Estado para 2019 (OE 2019) prevê um empréstimo de até 850 milhões de euros para o mesmo fim. No ano passado, o Estado teve de emprestar ao Fundo de Resolução dinheiro (mais de 400 milhões de euros) para que este pudesse recapitalizar o Novo Banco.
A concretizar-se o valor pedido hoje conhecido, as injecções do Fundo de Resolução ficarão em mais de 1.900 milhões de euros, o que significa que ainda poderá pedir mais quase 2.000 milhões de euros, uma vez que a recapitalização do Fundo de Resolução pode chegar aos 3,89 mil milhões de euros.
O valor de mais de mil milhões de euros para o novo reforço do Fundo no Novo Banco tem sido notícia nas últimas duas semanas, mas já em Outubro António Ramalho reconhecia a possibilidade.
“A capitalização da instituição é uma inevitabilidade", afirmou António Ramalho, na conferência "O Futuro do Dinheiro", organizada pelo Dinheiro Vivo, TSF e EY, no âmbito do debate "Os Desafios da Banca no Portugal 20 – 30 e o futuro do dinheiro", que juntou a banca portuguesa. Questionado se o Novo Banco não excluía nova injecção de capital, António Ramalho afirmou: "De modo algum".
Prejuízos atingem 1,41 mil milhões
O Novo Banco teve prejuízos de 1.412,6 milhões de euros em 2018, divulgou hoje o banco, que alterou os resultados de 2017 e subiu os prejuízos para 2.298 milhões de euros nesse ano.
No ano passado, o Novo Banco tinha apresentado resultados negativos de 1.395 milhões de euros em 2017, mas hoje indicou que alterou esse valor para 2.298 milhões de euros.
Segundo o banco, os valores são “reexpressos de forma a reflectir em outras reservas e resultados transitados a activação do Mecanismo de Capital Contingente e a alteração do registo inicial de passivos relacionados com a operação de LME [recompra de obrigações] concretizada no último trimestre de 2017”.
Banco corta 392 postos de trabalho e 71 balcões em 2018
O Novo Banco terminou o ano de 2018 com menos 392 trabalhadores e 71 balcões em 2018, face ao final de 2017, divulgou esta sexta-feira o presidente executivo do banco, António Ramalho, durante a apresentação de resultados do ano passado.
A instituição liderada por António Ramalho terminou 2018 com 5.096 trabalhadores, menos 392 que os 5.488 registados no final de 2017. Em Portugal, o banco terminou o ano passado com 4.804 trabalhadores, menos 352 que os 5.156 registados um ano antes.
Relativamente a balcões, na sua actividade total, o banco liderado por António Ramalho fechou o ano de 2018 com 402 balcões, menos 71 que no ano anterior.
Na sua apresentação inicial, o presidente executivo do banco afirmou que a instituição "está a dois balcões do acordado" com as instituições europeias, que pretendem que tenha no máximo 400 balcões no final de 2019. Na sua actividade em Portugal, o Novo Banco terminou 2018 com 381 balcões, uma descida de 67 face aos 448 no final de 2017.