Secretário de Estado demite-se depois de May admitir possível adiamento do “Brexit”
George Eustice diz que a decisão de adiar a saída do Reino Unido da União Europeia é a “humilhação final” para o país.
O secretário de Estado das Pescas do Reino Unido, George Eustice, demitiu-se, esta quinta-feira, em protesto contra a possibilidade, admita por Theresa May pela primeira vez esta semana, de adiamento do “Brexit”.
Na carta enviada a Theresa May e partilhada pelo jornal The Guardian, George Eustice diz que é com uma “tremenda tristeza” que sai do governo, mas defende que a decisão do adiamento é a “humilhação final” para o país. Apesar da saída, o ex-secretário de Estado diz querer “estar livre para participar no debate crucial que decorrerá nas próximas semanas”.
George Eustice reconhece a “tenacidade e resiliência” da primeira-ministra, mas considera que esta tem sido “boicotada por aqueles que no Parlamento se recusam a respeitar o resultado do referendo”. Ainda assim, o demissionário promete votar a favor do acordo proposto pela primeira-ministra.
Para o demissionário, tanto Theresa May como o parlamento devem ter a “coragem” de sair das negociações sem acordo e de “reivindicar a liberdade primeiro e conversar depois”. George Eustice critica também a falta de “comportamento honrado” por parte da Comissão Europeia durante as negociações.
Na terça-feira, May admitiu pela primeira vez a hipótese de pedir uma extensão do prazo do artigo 50 do tratado europeu. O parlamento britânico poderá escolher entre sair da União Europeia (UE) ou pedir um adiamento da data do “Brexit” se o acordo que o Governo apresentar nas próximas semanas for rejeitado.
Theresa May reiterou que o chamado “voto significativo” será repetido até 12 de Março e que, se o texto submetido for chumbado, os deputados poderão decidir se o calendário de saída do Reino Unido da UE se mantém ou é pedida uma “extensão curta e limitada” para além de 29 de Março.
O Reino Unido ainda não acertou a sua posição final quanto ao acordo de saída fechado no final de Dezembro. Na sequência da última decisão votada na Câmara dos Comuns, a primeira-ministra está a tentar convencer a UE a aceitar uma revisão dos termos para a aplicação do backstop para a Irlanda, ou seja, a cláusula de salvaguarda que foi inscrita no acordo de saída como uma espécie de apólice de seguro para assegurar que os controlos fronteiriços não são repostos naquela ilha.
Desde Novembro de 2017, Theresa May perdeu outros 18 membros do Governo, nove deles por discordarem da proposta da primeira-ministra britânica para o “Brexit”.