Mexia: “Columbia não era uma instituiçãozeca” e escolheu Pinho porque quis
O protocolo de 1,2 milhões de euros entre a EDP e a Universidade de Columbia que está ser investigado pelo Ministério Público só surgiu porque houve uma proposta da Universidade norte-americana nesse sentido, garantiu António Mexia no Parlamento.
O presidente da EDP, António Mexia, sustentou esta terça-feira no Parlamento que o protocolo entre a EDP e a Universidade de Columbia, que está no centro da investigação por suspeitas de corrupção e favorecimento envolvendo a eléctrica e o antigo ministro da Economia Manuel Pinho só nasceu por iniciativa da própria universidade.
“Quem meteu a Universidade de Columbia ao barulho foi a Universidade de Columbia” e foi esta universidade norte-americana que escolheu o antigo ministro de José Sócrates para ser docente numa cátedra sobre energias renováveis que acabou por receber o apoio da EDP, garantiu Mexia.
Questionado sobre quando e em que contexto surgiu a conversa com Manuel Pinho para garantir um apoio de 300 mil euros a Columbia, o gestor explicou que, quando constou que a EDP andava à procura de uma universidade para “promover a pedagogia e o debate” sobre as renováveis na costa este dos Estados Unidos (depois da compra da Horizon), houve vários professores que se “aproximaram” com sugestões de universidades.
Um deles foi o próprio Pinho, que abordou a possibilidade de Columbia estar interessada. Contudo, disse Mexia, a ideia só vingou depois de a própria Universidade ter feito a proposta. “Quem propôs o nome de Manuel Pinho? A Universidade de Columbia. Condicionámos a aceitação do protocolo ao nome de Manuel Pinho? Não. Quisemos esconder o apoio? Também não, estava lá o nosso logótipo”, disse Mexia, recordando que a empresa também levou directores de jornais para assistir às aulas, que começaram em Setembro de 2010.
O Ministério Público suspeita que o patrocínio que permitiu a Pinho dar aulas na prestigiada universidade norte-americana foi uma contrapartida por alegados favorecimentos. Os procuradores incluíram recentemente nos autos da investigação sobre os contratos da EDP (em que Mexia é um dos arguidos) um conjunto de emails de Manuel Pinho que indicam, como noticiou o Observador, que foi o ex-ministro quem se ofereceu para dar aulas na universidade nova-iorquina e que comunicou que a Horizon (a nova empresa norte-americana da EDP) estava disponível para garantir um patrocínio de 300 mil euros por ano a um curso sobre energias renováveis em Columbia, desde que fosse Pinho o docente.
Além disso, os emails também revelam os pedidos do ex-governante o aos responsáveis da Universidade para desmentir a sua ligação à instituição, caso fossem questionados por jornalistas portugueses.
Os emails de Manuel Pinho e as suas comunicações “são da responsabilidade dele” e não da EDP ("escreve o que quiser e diz o que quiser"), sublinhou Mexia na comissão de inquérito às rendas da energia, garantindo que Pinho só foi trazido para os trabalhos de implementação do curso quando Columbia o indicou. “Não estamos a falar de uma instituiçãozeca que se prestasse fosse ao que fosse”, afirmou Mexia, para explicar que esta instituição, com vários prémios Nobel no corpo docente, escolheu o ex-ministro português porque quis.
Garantindo que as negociações com Columbia foram da “exclusiva responsabilidade da EDP” e que a relação só existiu “a partir do momento” em que a EDP recebeu a proposta – sobre a qual negociou “durante meses para garantir que tinha as condições” que a empresa queria – Mexia também salientou que o apoio da EDP à universidade norte-americana se prolongou por quatro anos e que Manuel Pinho só lá esteve um.
Assim, 90% do investimento que a EDP fez em Columbia nada tem a ver com Pinho, disse o gestor. O presidente da EDP também rejeitou que tivesse existido qualquer plano para integrar o ex-ministro na Horizon.