Reservatório da Pasteleira recebe uma "paisagem sonora" do Douro
“Douro [DWR] três solos entre céu e terra” é uma exposição "profundamente sensorial" que pretende retratar a região do Douro de uma forma "muito pouco convencional". Objectos, imagens, sons e cheiros estarão, até 20 de Abril, no Reservatório da Pasteleira para revelar uma "visão contemporânea" do Douro.
Além de ser o "nome do rio que transborda para as margens", o Douro é “nome de um encontro de água, pedras, plantas, animais e pessoas”. Quem o diz é a antropóloga Églantina Monteiro e o director artístico do Centro Internacional das Artes de José de Guimarães, Nuno Faria, curadores da exposição “Douro [DWR] três solos entre céu e terra”, inaugurada esta quarta-feira, no Reservatório da Pasteleira, no Porto. “Descobrir a riqueza histórica e a qualidade do património” do Norte de Portugal é o convite feito pela câmara municipal, organizadora da exposição em parceria com a Associação Comercial do Porto e do Instituto do Vinho do Porto, aos visitantes.
36 amostras de solo de diferentes locais, mais de cem parras que reflectem a variedade de castas utilizadas para produzir o vinho do Douro, materiais elaborados com recurso à cera, para reflectir sobre a importância das abelhas na agricultura, sons da água do rio e fotografias que nos remetem para o Douro mais antigo ou mais contemporâneo. Num ambiente escuro, o Antigo Reservatório de Água da Pasteleira acolhe uma série de objectos e imagens projectadas que contam a história da região, acompanhados por sons e cheiros característicos que “tornam visíveis” os aspectos mais imperceptíveis da região duriense, transformando o “Douro [DWR] três solos entre céu e terra” numa “paisagem sonora”. “Quisemos trazer a descoberta que nós próprios fizemos dessa paisagem”, explica Églantina, “mostrando como é que ela foi construída pelo Homem”.
Numa “exposição profundamente sensorial”, querem “celebrar a materialidade da região aliada com a espiritualidade” alicerçada aos estímulos sonoros e audiovisuais presentes ao longo do percurso, dizem os curadores. Além da assinatura dos SKREI na concepção das estruturas artísticas e da consultoria do produtor de vinho Mateus Nicolau de Almeida, convocaram um conjunto de criadores de outras áreas artísticas como a fotografia, com Domingos Alvão e Emílio Biel, e a sonoplastia, com Pedro Serrano. O resultado dessa junção é um “retracto singular” e “muito pouco convencional” com uma “visão contemporânea” da região do Douro.
Para Rui Moreira, é um “poético exercício de revista ao nosso entendimento sobre o passado, o presente e o futuro das nossas tradições”. O autarca reforça ainda a importância do vinho do Douro como um “símbolo secular na nossa identidade e um pilar fundamental na relação do país com o mundo”. “Entrelançando elementos materiais, sónicos e visuais, o projecto vem captar a imaterialidade ancestral” do Douro, diz.
Depois da apresentação no evento "La Cité du Vin", em Bordéus, em Outubro de 2018, a exposição ficará no futuro Museu da História da Cidade, no Reservatório da Pasteleira, até ao dia 20 de Abril, com entrada gratuita.
Texto editado por Ana Fernandes