Cristas impede candidatos do CDS às europeias de integrarem listas de deputados
Líder do CDS-PP não deverá fazer muitas alterações nos cabeças de lista às legislativas.
Assunção Cristas quer fechar a composição das listas das europeias e das legislativas ao mesmo tempo, confirmou o PÚBLICO junto de fonte da direcção do CDS-PP, o que impede os que não forem eleitos nas europeias de Maio de se reconverterem em candidatos a deputados nas eleições de Outubro. A líder do CDS não deverá fazer muitas alterações nos cabeças de lista, mas é certo que terá problemas em alguns distritos como o do Porto.
Eleita por Leiria desde a primeira vez que se candidatou à Assembleia da República, Assunção Cristas pode agora escolher entre esse distrito e o de Lisboa. O partido espera que seja candidata pela capital para maximizar o resultado histórico que obteve nas autárquicas de 2017 e poder usar esta opção como novo trampolim para a sua ambição autárquica em Lisboa.
A líder do CDS vai marcar um conselho nacional para aprovar formalmente as listas de candidatos às duas eleições. No caso das europeias, o CDS espera eleger pelo menos dois eurodeputados, mas se voltar a eleger apenas Nuno Melo, os nomes que surgem a seguir na lista (Pedro Mota Soares, Raquel Vaz Pinto e Vasco Weinberg) já não poderão integrar as listas de candidatos nas legislativas. Só ainda não se sabe se a aprovação formal acontecerá antes ou depois de 31 de Março, após a última conferência Ouvir Portugal.
Caso Cristas se confirme como cabeça de lista por Lisboa, fica vago o primeiro lugar de Leiria. Seria uma hipótese para o líder da Juventude Popular, Francisco Rodrigues dos Santos, que terá de ir em lugar elegível, mas no partido há quem defenda que não deve ser cabeça de lista. Integrar a lista do Porto é outra hipótese, embora este distrito seja uma das dores de cabeça da presidente do CDS.
Fernando Barbosa, líder da distrital, votou contra a proposta de Cristas sobre indicação pela direcção de três lugares, incluindo o do cabeça de lista, depois de ouvida a estrutura. A deputada (e vice-presidente do partido) Cecília Meireles seria o nome preferido de Cristas, mas tem resistências na distrital, depois de um processo eleitoral interno problemático. Há quem já aponte como solução Cecília Meireles em número um e Fernando Barbosa em segundo lugar.
Em Braga, Telmo Correia deverá repetir o lugar por onde foi candidato em 2015 (foi o número um do partido na lista conjunta com o PSD), mas há um ponto de interrogação sobre o segundo lugar da lista que anteriormente elegeu Vânia Dias da Silva. Há vários cabeças de lista dados como certos e que voltam ao lugar de 2015: João Almeida, porta-voz do partido, por Aveiro, o deputado Hélder Amaral por Viseu e o líder parlamentar, Nuno Magalhães, por Setúbal. A deputada Patrícia Fonseca pode liderar Santarém, mantendo-se assim no distrito pelo qual foi anteriormente eleita.
Há ainda a incógnita de Viana do Castelo, círculo eleitoral que foi liderado por Abel Baptista, que saiu do Parlamento e do partido em ruptura com Assunção Cristas. Para esse lugar poderá ir Filipe Anacoreta Correia, que foi eleito por Lisboa nas últimas legislativas. Essa indicação permitiria aliviar a lista da capital que, em 2015, elegeu cinco deputados pela coligação com o PSD, mas sobre a qual há alguma pressão.
A líder do CDS terá ainda de encaixar nas listas o seu "número dois" na câmara, o vereador João Gonçalves Pereira, e as deputadas Ana Rita Bessa e Isabel Galriça Neto, ambas eleitas por Lisboa. Nos critérios de arrumação de candidatos às legislativas há ainda um outro factor: é conhecida a vontade de Assunção Cristas de trazer independentes para o partido. Resta saber se os vai conseguir colocar em lugar elegível.