OCDE diz que é preciso fortalecer Ministério Público para combater corrupção
A OCDE reconhece que "as autoridades têm realizado um esforço contínuo de combate à corrupção e ao suborno no sector público e privado".
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) considera que é preciso continuar a melhorar a capacidade do Ministério Público para combater a criminalidade económica e financeira em Portugal, incluindo a corrupção.
"O Ministério Público e a Polícia Judiciária devem ser dotados de recursos adequados e continuar a ministrar formação especializada aos procuradores do Ministério Público sobre crimes económicos e financeiros, incluindo a corrupção", indica o Economic Survey da OCDE - Portugal 2019, divulgado nesta segunda-feira.
A instituição liderada por Angel Gurría frisa que é preciso "continuar a melhorar a capacidade do Ministério Público para combater a criminalidade económica e financeira, incluindo a corrupção".
A OCDE reconhece que "as autoridades têm realizado um esforço contínuo de combate à corrupção e ao suborno no sector público e privado" e "têm feito esforços significativos para investigar e combater crimes económicos e financeiros", mas adianta que "esta prioridade deve ser mantida", recomendando que, "no futuro, convém continuar a melhorar a capacidade do Ministério Público para combater a criminalidade económica e financeira, nomeadamente assegurando a disponibilidade de recursos adequados para que os magistrados do Ministério Público possam receber formação especializada nesta matéria".
Diz também a organização que "seria importante rever os procedimentos de recurso para evitar abusos" e que "o Ministério Público e a Polícia Judiciária devem continuar a ser providos de recursos adequados".
Além disso, segundo a OCDE, deveria ser criado um registo electrónico de interesses para todos os membros do Governo e altos funcionários da Administração Pública, a monitorizar e actualizar regularmente".
No relatório sobre Portugal, a OCDE alerta também para que é preciso melhorar o sistema judicial para promover a actividade económica.
"Melhorar a eficiência judicial"
"É necessário melhorar a eficiência judicial", indica a organização, apontando o dedo à duração média dos julgamentos e aos "congestionamentos significativos em alguns tribunais", cuja melhoria é necessária para "garantir a execução oportuna de contratos para as empresas e facilitar a expansão empresarial, assim como os processos de insolvência".
A este nível, a organização com sede em Paris sugere "fazer da insolvência uma solução viável para pessoas singulares altamente endividadas, reduzindo o período de exoneração e isentando mais activos do devedor dos processos de insolvência".
A OCDE reconhece que foram empreendidas "reformas significativas nos últimos anos, que reformaram substancialmente" o sistema judicial.
"No entanto, os problemas operacionais permanecem", e a OCDE considera que "recursos judiciais como juízes e orçamentos podem ser melhor alocados por distritos judiciais", através do desenvolvimento da avaliação da carga de trabalho e do fortalecimento da estrutura de governança.
Para a instituição, é necessário "reforçar a autonomia de gestão dos tribunais para que possam afectar de forma mais eficaz os recursos, nomeadamente magistrados, outros funcionários judiciais e orçamentos".
A OCDE adverte que o tempo médio de resolução de um caso nos tribunais portugueses "é longo, mostrando a ineficiência do sistema judicial", e acrescenta que a duração dos julgamentos é afectada por factores como os recursos e a governança dos tribunais, apresentados pela instituição como "factores essenciais que explicam o desempenho dos sistemas jurídicos mais eficientes nos países da OCDE".
A organização sediada em Paris alerta também para que "o congestionamento dos tribunais continua a ser significativo, principalmente devido a processos de execução de dívidas, que podem ser atenuados através do desenvolvimento de mecanismos alternativos de resolução de litígios, em particular os que visam a execução de dívidas".
A OCDE recomenda ainda a criação de uma entidade de supervisão independente para garantir que a regulamentação da profissão jurídica serve o interesse público.