Pedro Nuno Santos, mais um passo a caminho do sonho de uma vida política
Secretário de Estado que geriu as relações do Governo com o BE, o PCP e PEV sobe a ministro das Infra-estruturas e Habitação.
Em Maio passado, apresentou uma moção sectorial ao Congresso do PS com conteúdo reflexivo de moção de estratégia global em que propunha um novo modelo para o papel do Estado como motor do crescimento económico. Na mesma altura, afirmou em entrevista à Antena 1: “No PS, só me falta isso.” Com esta frase, Pedro Nuno Santos assumia preto no branco que queria ser secretário-geral do PS no futuro. Um objectivo que não abandonou e cuja possibilidade de conquista agora sai reforçada ao ser promovido a ministro das Infra-estruturas e da Habitação.
Mas Pedro Nuno não tem nesta remodelação apenas uma promoção individual, que ganhou como secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, ao gerir no quotidiano as relações do Governo com o BE, o PCP e o PEV. O seu grupo de apoiantes, conhecidos por pedronunistas, ganha visibilidade dentro do Governo. E se, em Outubro, foi a vez de João Galamba entrar para secretário de Estado da Energia, agora Duarte Cordeiro, que consigo assinou a moção ao congresso, é nomeado secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, lugar que acumulará com a sua secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares. E leva consigo, para o novo Ministério das Infra-estruturas e Habitação, Alberto Souto, ex-presidente da Câmara de Aveiro.
Aos 41 anos, Pedro Nuno Santos não foi, de facto, ainda tudo no PS. Mas já foi quase tudo. Nascido em 1977, em São João da Madeira, licenciou-se em economia Instituto Superior de Economia e Gestão. Entre 2004 e 2008, foi líder da JS e nessa condição entrou no Parlamento como deputado por Aveiro, em 2005.
Começou na JS a criar uma rede de apoios e de ligações no aparelho do PS e foi crescendo na estrutura de Aveiro, a cuja Federação presidiu entre 2010 e 2017. Foi cuidadosamente construindo um percurso partidário sólido, sem nunca ter medo de ser polémico. Como quando deu a cara, ainda enquanto líder da JS, pela proposta de legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, que viria a ser aprovada em 2010. Ou quando, em 2010, chocou um certo Portugal mais formal durante o período da intervenção da troika ao afirmar numa reunião do PS: “Ou os senhores se põem finos, ou nós não pagamos. Se não pagarmos a dívida e se lhes dissermos, as pernas dos banqueiros alemães até tremem”.