Gaffe de Netanyahu faz primeiro-ministro polaco cancelar viagem a Israel
O primeiro-ministro israelita queria ser simpático e disse que não conhecia ninguém que tivesse sido perseguido pela justiça, apesar de os polacos terem colaborado com os nazis. Imperdoável para Varsóvia.
O primeiro-ministro polaco cancelou a viagem que tinha programada a Israel, após declarações de Benjamin Netanyahu que sugeriam que houve cumplicidade polaca com o Holocausto, durante o regime nazi.
Mateusz Morawiecki não irá à cimeira dos países de Visegrado (V4) – Polónia, Hungria, República Checa e Eslováquia – que Israel, num gesto inédito, tinha convidado para se reunirem em Jerusalém na terça-feira.
Israel, sob a batuta do primeiro-ministro Netanyahu, cultivou boas relações com os países do V4, que são hoje uma força de bloqueio à unidade europeia – em questões como a imigração e o acolhimento de refugiados, por exemplo. Para Netanyahu, a União Europeia é um bloco hostil, por causa da sua política para a Palestina, pelo que faz sentido aproximar-se do grupo de países dentro da UE que tem maior resistência ao consenso europeu.
Só que Netanyahu cometeu um erro com as declarações que fez em Varsóvia, ao participar esta semana numa conferência sobre o Médio Oriente promovida pelos Estados Unidos. A intenção até podia ser boa – tentar demonstrar que a Polónia não perseguia judicialmente ninguém por afirmações de que os polacos colaboraram com os nazis, apesar de no ano passado ter aprovado uma legislação que torna crime a utilização de frases como “campos de morte polacos” (punida com penas de prisão até três anos). Mas os resultados foram desastrosos em termos diplomáticos.
“Digo-vos que os polacos colaboraram com os nazis e não conheço ninguém que tenha sido perseguido por uma tal declaração”, afirmou Netanyahu, na capital polaca. Ainda tentou dizer que os jornalistas distorceram as suas declarações, mas o mal estava feito.
A embaixadora de Israel na Polónia, Anna Azari, foi chamada ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, para explicações. A agência noticiosa polaca PAP disse este domingo que Azari explicou que o seu primeiro-ministro se referia a casos individuais de polacos que colaboraram com nazis.