Maduro convida enviado de Trump para a Venezuela e EUA respondem com sanções
Washington diz que Presidente venezuelano compreende que está cada vez mais isolado, e impôs novas sanções que têm por alvo cinco figuras do regime.
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou que o seu ministro dos Negócios Estrangeiros manteve recentemente contactos em Nova Iorque com o enviado especial dos Estados Unidos para a Venezuela, Elliot Abrams. E convidou Abrams a ir a Caracas.
Em entrevista à agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP), o Presidente venezuelano indicou que o segundo de dois encontros ocorreu quatro dias após Elliott Abrams ter dito que o tempo para o diálogo com o Governo de Maduro estava esgotado. “Se quiser encontrar-se comigo, diga quando, onde e como e estarei lá”, afirmou Maduro.
"Nicolás Maduro demonstra uma compreensão crescente de que o povo venezuelano o está a rejeitar a ele e ao seu modelo de governação", respondeu o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo. Washington, entretanto, anunciou mais sanções contra a Venezuela já nesta sexta-feira.
São visadas cinco figuras do regime, diz a Reuters. Uma dessas pessoas é o ministro do Petróleo Manuel Quevejo Fernandez. Outro alvo das sanções é o major Rafael Enrique Bastardo Mendoza, que esteve envolvido na operação na qual foi morto o ex-agente da polícia Oscar Pérez, que sobrevoou Caracas com um helicóptero e atacou o Supremo Tribunal.
Manuel Ricardo Cristopher Figuera, outra figura do regime alvo de sanções dos EUA, é desde Outubro de 2018 director do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional - o temido Sebin, acusado pela oposição de tortura e violência. Hildemaro Jose Rodriguez Mucura é primeiro comissário do Sebin, e terá sido o responsável pela detenção não autorizada pelas instâncias superiores do presidente da Assembleia Nacional Juan Guaidó no início do ano.
Juan Guaidó, que a Assembleia Nacional, onde a oposição tem maioria, declarou Presidente interino a 23 de Janeiro, nomeou esta semana uma nova direcção para a petrolífera estatal, a PDVSA, e para a Citgo, a refinaria detida maioritariamente pela PDVSA, mas com sede nos EUA, na área de Houston (Texas).
Dois membros da Administração norte-americana, que a AP diz não terem autorização para falar publicamente do assunto e por isso não querem ser identificados, disseram que o Governo dos EUA está disposto a falar “com ex-titulares de cargos venezuelanos, e também com Maduro, para discutir os seus planos de saída do poder”.
Elliott Abrams afirmou na quinta-feira, numa conferência em Washington organizada pela oposição venezuelana, que uma solução para a crise naquele país tem de começar sempre "pela partida do regime de Maduro", relata a Reuters.
Maduro repetiu que não vai abandonar o poder e que a ajuda humanitária dos EUA que está na fronteira da Colômbia com a Venezuela são “migalhas” - e protestou pelo congelamento de milhões de dólares e bens venezuelanos pela Administração americana.
Os Estados Unidos estão a estudar formas alternativas de fazer entrar a ajuda humanitária na Venezuela, uma vez que a entrada na fronteira está bloqueada pelo regime de Maduro, afirmou Abrams.
Juan Guaidó prometeu que a ajuda humanitária começaria a chegar a partir de 23 de Fevereiro.