Caixa: Carlos Costa nega "conflito de interesses" nas férias em Vale do Lobo

O Jornal Económico noticiou que Carlos Costa passou férias em Vale do Lobo, em 2013 e 2014, quando o empreendimento já estava a falhar há quatro anos no pagamento do crédito concedido pela CGD.

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Este já é o terceiro esclarecimento do governador do Banco de Portugal Miguel Manso

O governador do Banco de Portugal recusou esta sexta-feira conflito de interesse por ter passado férias em Vale do Lobo, referindo que não participou na reunião em que foi dada a aprovação final ao crédito da CGD àquele projecto.

"O governador entende que não existe qualquer conflito de interesses nesta decisão, dado que, como resulta da auditoria da EY à CGD [Caixa Geral de Depósitos], o financiamento da CGD a Vale do Lobo teve a aprovação final numa reunião do Conselho Alargado de Crédito que não contou com a presença do sr. governador", lê-se no esclarecimento divulgado esta sexta-feira pelo Banco de Portugal.

O Jornal Económico noticiou esta sexta-feira que Carlos Costa passou férias em Vale do Lobo, em 2013 e 2014, quando o empreendimento já estava a falhar há quatro anos no pagamento do crédito concedido pela CGD.

O jornal cita a revista Sábado, que na semana passada noticiou que Carlos Costa participou na reunião de Conselho de Crédito de 27 de Julho de 2006, que votou favoravelmente o crédito para a compra do empreendimento turístico no Algarve.

Segundo o banco central, no esclarecimento divulgado, o governador passou férias no empreendimento de Vale do Lobo de 6 a 16 de Agosto de 2013 e de 9 a 16 de Agosto de 2014 e pagou os "valores praticados pela empresa em cada ano, não tendo beneficiado de qualquer desconto".

O arrendamento do espaço de férias, acrescenta a informação, "foi tratado com os serviços comerciais do empreendimento de Vale do Lobo".

O esclarecimento termina a dizer que o governador "está totalmente disponível, como sempre esteve, para prestar todos os esclarecimentos que a Assembleia da República entender necessários, designadamente sobre os termos da sua participação nos órgãos colegiais que aprovaram as operações que são objecto da auditoria da EY à CGD".

Este já é o terceiro esclarecimento do governador do Banco de Portugal desde que foi conhecida a auditoria da EY à gestão da CGD entre 2000 e 2015 e a sua participação, enquanto administrador do banco público entre 2004 e 2006 (responsável pelas áreas de marketing e internacional), em reuniões do Conselho Alargado de Crédito nas quais foram aprovados empréstimos que deram significativos prejuízos ao banco público.

A Assembleia da República aprovou esta sexta-feira, por maioria, uma nova comissão de inquérito à gestão na CGD, entre 2000 e 2015.