Jornal espanhol põe Sonae e outros grupos na corrida à cadeia DIA
Grupo nortenho não comenta “rumores e especulações”. Lidl e Carrefour serão os outros interessados, diz o jornal Expansión.
Três grandes grupos de distribuição estarão interessados numa eventual aquisição do grupo espanhol DIA, segundo noticia nesta quinta-feira o jornal espanhol Expansión, especializado em assuntos económicos. Segundo o jornal, Carrefour, Lidl e Sonae estarão a analisar a compra daquela cadeia de retalho que, em Portugal, detém a insígnia Minipreço e contabilizava 634 lojas em território nacional no fim do primeiro semestre de 2018, a maioria das quais (327) em regime de franchising. O jornal espanhol cita "fontes financeiras", sem as identificar, para explicar as origens da informação publicada nesta manhã.
Contactada pelo PÚBLICO, fonte oficial da Sonae disse que o grupo português (proprietário do Continente e do PÚBLICO) "tem por política não comentar rumores e especulações, sendo que este princípio se mantém". Uma eventual aquisição por parte deste grupo português enquadra-se, no entanto, na estratégia de desenvolvimento do negócio de retalho da Sonae, que tem vindo a apostar na abertura de lojas de proximidade, sob a marca Modelo Bom Dia. Por outro lado, poderia ser uma forma de responder à entrada do grupo espanhol Mercadona no mercado português, onde vai abrir as primeiras lojas este ano.
Até 2021, o plano de investimentos do grupo para os negócios de retalho, que inclui outras insígnias, como as para-farmácias Well's, está estimado em 625 milhões. Este volume de investimento foi anunciado já depois de a Sonae SGPS ter cancelado a oferta pública de venda (OPV) de acções da Sonae MC, a holding que detém o retalho alimentar, devido a “condições adversas nos mercados financeiros internacionais”. Esta operação tinha como objectivo potenciar o crescimento da área da distribuição.
Em 2018, o último ano em que Paulo Azevedo e Ângelo Paupério lideraram a comissão executiva da Sonae SGPS, cargo que será ocupado pela sua irmã, Cláudia Azevedo, ficou marcado como o melhor de sempre em termos de vendas e todas as áreas do grupo a mostrar desempenhos positivos. As vendas atingiram os 6310 milhões de euros, um crescimento de 7,6% face a 2017, a beneficiar do “empurrão” de 9,3% registado no último trimestre, também o melhor de sempre na história do grupo.
As contas cadeia DIA (Distribuidora Internacional de Alimentación SA) atravessam um mau período e um dos accionistas, o milionário russo Mikhail Fridman, agitou a empresa com o lançamento de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), a 5 de Fevereiro, através do fundo de investimento LetterOne. Ofereceu 0,67 euros por acção, num total de 296 milhões de euros, para adquirir o restante capital – actualmente, Fridman detém 29% da empresa.
A oferta da LetterOne está condicionada à obtenção de um capital mínimo de 50% do universo total possível, isto é, ao equivalente a 35,499% da sociedade DIA, o que garante, caso tenha sucesso, à LetterOne "uma participação mínima de 64,50%), como o PÚBLICO noticiou.
Nos primeiros nove meses de 2018, as lojas portuguesas acompanharam a perda de facturação registada também em Espanha, mas com uma descida "mais acentuada em Portugal", segundo a administração. A cadeia detinha, em Setembro de 2018, 7429 lojas, das quais 5300 na Península Ibérica. Dados de Outubro mostravam que, em termos líquidos, havia menos 26 lojas em território português.
Na bolsa espanhola, as acções da sociedade dona do Minipreço abriram com uma valorização de 5% nesta quinta-feira, ultrapassando ligeiramente os 0,67 euros. Cerca das 12h30 (hora continental), a cotação cifrava-se nos 0,6636 euros, uma subida em torno dos 3,4% face ao dia anterior.