Lixo electrónico? Japão transforma-o em medalhas olímpicas para Tóquio 2020

A organização dos Jogos Olímpicos de 2020 já recolheu mais de seis toneladas de metais preciosos contidos em dispositivos descartados. Objectivo é alertar para o desperdício dos aparelhos electrónicos.

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Suzanne Plunkett/Reuters

Nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2020, em Tóquio, as medalhas vão ser totalmente produzidas a partir de desperdício electrónico. A missão passa por reutilizar metais preciosos de telemóveis, computadores, tablets e outros dispositivos inutilizados.

As primeiras notícias sobre esta campanha saíram em 2016 e a recolha de componentes começou em Abril de 2017: Tóquio 2020 encorajou a população e empresas japonesas a doar pequenos gadgets ultrapassados. Segundo a organização, as autoridades municipais recolheram mais de 47 mil toneladas de aparelhos electrónicos até Outubro de 2018. No mesmo período, a NTT DoCoMo — empresa de telecomunicações nipónica a colaborar com a iniciativa — recebeu mais de cinco milhões de telemóveis usados.

“Os telemóveis ficariam esquecidos em casa, de qualquer maneira. Fico feliz por ver que, ao participar neste projecto, qualquer pessoa pode fazer parte dos Jogos”, refere Takeshi Matsuda. Para o antigo nadador japonês, que alcançou o pódio olímpico por quatro vezes, as medalhas acabam por se tornar “memoráveis para todos” e não só para os atletas.

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A quantidade de aparelhos recebidos já é suficiente para garantir a produção das medalhas. REUTERS

A campanha já conseguiu as 2,7 toneladas de cobre necessárias para as medalhas de bronze, mas ainda falta recolher metal precioso para os lugares mais altos do pódio. Até Outubro de 2018, de acordo com Tóquio 2020, já foram angariados mais de 85% da prata e quase 94% do ouro estipulados inicialmente. Embora os donativos possam ser feitos até 31 de Março de 2019, os organizadores afirmam que a quantidade de aparelhos recebidos já é suficiente para garantir a produção das medalhas.

Segundo o The Japan Times, entre outras medidas, a Tóquio 2020 pretende recorrer exclusivamente às energias renováveis para fornecer electricidade aos recintos e à Aldeia Olímpica e 65% de todo o desperdício gerado deverá ser reciclado ou reutilizado. A equipa olímpica do Japão vai usar roupa reciclada: a Asics, responsável pelo equipamento dos atletas japoneses, procura recolher 30 mil peças de roupa utilizadas por desportistas de diversas modalidades e competições. O objectivo é reutilizar vestuário “rico em memórias de pessoas de todo o país”, pode-se ler num comunicado da marca.

O ano de 2019, aliás, marca os 25 anos da realização dos Jogos Olímpicos de Inverno de Lillehammer, na Noruega. Em 1994, o Comité Olímpico Internacional e a organização local implementaram, pela primeira vez, normas e planos de acção em prol da sustentabilidade ecológica. Enquanto os transportes públicos garantiram 80% das deslocações durante o evento, as medalhas eram maioritariamente feitas a partir de granito local.

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