Hoje, 13 de Fevereiro, não é apenas véspera do Dia dos Namorados, é também Dia Internacional do Preservativo. Criado há várias centenas de anos, o preservativo, que começou por ser feito de linho, foi evoluindo com o passar do tempo, até chegar à versão em látex que hoje conhecemos. Não, o preservativo não é novo, é quase “pré-histórico”. Mas fazemos questão que continue a ser tendência, que esteja sempre na moda!
“Sempre na Moda” é o mote da campanha que o GAT (Grupo de Activistas em Tratamento) e a AIDS Healthcare Foundation (AHF) têm estado a promover, com o objectivo de relembrar que o preservativo continua a ser um dos meios mais eficazes na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, como a infecção do VIH e as hepatites virais. Doenças que muitos menosprezam, mas que continuam a ser problemas bem reais.
Em pleno século XXI, já todos parecem ter consciência da importância do uso do preservativo, e no entanto… sabemos que muitos jovens continuam a não utilizá-lo nas suas relações sexuais. O estudo Vida Sem sida, publicado em 2018 pela Universidade de Lisboa, revela que 97% dos jovens portugueses, entre os 18 e os 24 anos, estão genericamente bem informados sobre a importância do preservativo, mas mais de 60% assume ter relações sem o usar.
Estes números levam-nos a crer que, embora seja fundamental continuar a sensibilizar as pessoas, o problema não estará tanto na falta de informação, mas sim no acesso ao preservativo. Ora, o que estará a falhar? No nosso entender, muita coisa…
Primeiro, embora o custo de produção dos preservativos seja baixíssimo, uma caixa comprada no supermercado não é propriamente barata para algo que consideramos de primeira necessidade. Depois, os preservativos não estão disponíveis onde deveriam estar, nos locais frequentados pelos mais jovens, como as escolas, as universidades, as zonas de diversão nocturna, e também nas prisões. E quando estão, existem barreiras… É sempre preciso passar por alguém antes de chegar ao preservativo, seja pelo psicólogo da escola ou pela consulta de planeamento familiar no centro de saúde.
O que nos leva para um outro ponto: o estigma que ainda persiste associado ao preservativo. Para muitos, comprar ou pegar num preservativo gratuito continua a ser um momento tremendamente constrangedor, quando não deveria ser. Com a campanha “Sempre na Moda” e outras iniciativas que o GAT tem promovido, aquilo que queremos é contribuir para a “normalização” do preservativo. Fazer dele um objecto normal do dia-a-dia, algo que levamos no bolso ou na carteira da mesma forma que transportamos sempre connosco as chaves de casa.
Queremos que o preservativo seja cada vez mais acessível a todos. Que esteja disponível onde é necessário, gratuitamente e sem intermediários, por exemplo através da colocação de dispensadores em vários sítios. Esta poderia ser a solução. Desejamos também que Portugal implemente um verdadeiro plano de prevenção, um plano abrangente onde se inclua também uma estratégia de distribuição de preservativos junto das populações mais vulneráveis em lugares de maior incidência, porque infelizmente os que são actualmente distribuídos pelas autoridades são francamente insuficientes.
Neste cenário, longe de ser o ideal, o GAT tem contado com a ajuda preciosa da AIDS Healthcare Foundation (AHF), organização internacional que todos os anos distribuiu milhões de preservativos em todo o mundo. Graças à AHF, estreámos há precisamente um ano a nossa carrinha Love Condoms, que nos tem permitido ir a locais estratégicos, como festivais de Verão, zonas de diversão nocturna, entre outros. Estejam atentos à nossa carrinha, mas saibam também que o GAT tem as suas portas abertas para aqueles que precisarem de um preservativo, de fazer testes rápidos ou simplesmente de obter mais informação sobre prevenção. Que a desculpa não seja nunca mais “eu não tinha um preservativo”.