Greve dos enfermeiros: mais de 1500 doadores anónimos já se identificaram

Além dos contributos dos enfermeiros – que são mais de 70 mil em Portugal, 42 mil dos quais a trabalhar no SNS –, há familiares, amigos e colegas, nomeadamente médicos, a fazer donativos, explicam os organizadores da campanha de crowdfunding.

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LUSA/JOSÉ COELHO

Mais de 1500 das pessoas que contribuíram anonimamente para a campanha de angariação de fundos de apoio às duas greves “cirúrgicas” dos enfermeiros já se identificaram. Foi um dia antes de o presidente da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) ter afirmado, no sábado, que ia investigar as angariações de fundos efectuadas através da plataforma de crowdfunding que está a ser usada pelos enfermeiros, a PPL, que os responsáveis pelo movimento que esteve na base do inédito protesto pediram a quem fez donativos que se identificassem de forma a evitar especulações.

O apelo está a surtir efeito: se na primeira greve “cirúrgica”, que durou 40 dias no final de 2018, 2983 doadores apareciam como anónimos (num total de 14.415 pessoas que fizeram donativos), esta segunda-feira ao início da noite já eram apenas 2297 os anónimos.

De igual forma, na campanha para financiamento da segunda greve “cirúrgica” - a que está em curso desde 31 de Janeiro até ao final deste mês -, se inicialmente eram 2318 os anónimos num total de 10.842 financiadores, esta segunda-feira passaram a ser 1438. Ainda assim, no total das duas campanhas, permaneciam ainda como anónimos mais 3700 financiadores.

Nas campanhas efectuadas nas plataformas de crowdfunding, quando se faz um donativo, é possível pedir que a doação fique anónima, de maneira a que o nome não surja na lista publicada online. Mas isto não significa que os financiadores não possam ser identificados, uma vez que os gestores da plataforma têm os registos de pagamento bancário, os nomes e os emails dos financiadores para, caso não se atinja o valor estipulado inicialmente, poderem devolver o dinheiro.

“Como sabem estamos a ser acusados de ter apoiantes anónimos que apenas querem destruir o SNS”, explica Nelson Cordeiro, o enfermeiro que gere o fundo, numa mensagem publicada no sábado no site de crowdfunding. “Existe a possibilidade de alterarem o estatuto de anónimo para o promotor da campanha pelo bem da transparência e para mostrar a quem quer acabar com a luta dos enfermeiros que não temos interesses obscuros e fora da legalidade”, acrescenta.

Respondendo àqueles que dizem que o protesto estará a ser financiado por grupos privados, os organizadores têm explicado, por diversas vezes, que, além dos contributos dos enfermeiros – que são mais de 70 mil em Portugal, 42 mil dos quais a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde – há familiares, amigos e colegas, nomeadamente médicos, a fazer donativos.

Explicam ainda que não há apenas contribuições a título individual, mas colectas que são feitas nos serviços, sendo o dinheiro depositado, depois, pelo enfermeiro que o recolheu. 

Na primeira greve "cirúrgica", foram angariados cerca de 360 mil euros e, na segunda, quase 424 mil euros.

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