Rio confirma Paulo Rangel como cabeça de lista às europeias
Eurodeputado faz ataque cerrado ao Governo e acusa Costa de "promover" um ministro a candidato.
O líder do PSD anunciou que Paulo Rangel será novamente o cabeça de lista às europeias. O nome foi aprovado "por unanimidade" na reunião da comissão política nacional desta tarde, segundo Rui Rio.
"Fez dois mandatos e seria compreensível que mudássemos, mas face às características não é dispensável", justificou Rui Rio, em conferência de imprensa, na sede nacional do PSD.
O líder social-democrata apontou a Rangel o "gosto pela Europa" e o "conhecimento" que tem dos dossiers europeus "como pouca gente tem em Portugal", revelando ainda que lhe foi pedido por parte do Partido Popular Europeu (PPE), do qual o eurodeputado é vice-presidente, para que mantivesse Rangel como candidato.
Na declaração, Rui Rio comprometeu-se em apresentar a restante lista até ao final do mês. Os nomes serão depois apreciados em conselho nacional.
Depois, numa primeira declaração aos jornalistas como candidato, Paulo Rangel lançou fortes críticas ao Governo de António Costa não só pelas políticas em torno dos serviços públicos mas também pela forma como está a "promover" o ministro Pedro Marques a candidato às europeias. O nome ainda não foi confirmado pelo PS (nem Rangel o pronunciou), mas o eurodeputado do PSD suspeita que há "um candidato disfarçado de ministro" e um "ministro em campanha para as europeias", numa alusão às apresentações de investimentos em infra-estruturas protagonizadas pelo governante.
Rangel desafiou o primeiro-ministro a dizer se houve "um aproveitamento de um cargo ministerial para lançar e promover um candidato". Esse foi um dos desafios lançados por Paulo Rangel.
Como se estivesse já a dar o tiro de campanha, o eurodeputado quis ainda saber se António Costa "é contra ou a favor de um exército único europeu" e se "aceita ou veta" a decisão de "tirar fundos de coesão a Portugal para dar a outros países bem mais ricos".
O vice-presidente do Partido Popular Europeu posicionou-se contra o fim da regra da unanimidade na União Europeia em áreas como os impostos e a política externa. "O PSD está contra o fim da unanimidade na política externa na União Europeia. E o PS?", questionou, reclamando para o seu partido a intransigência desde sempre contra os impostos europeus.
Numa altura em que o candidato do CDS, Nuno Melo, veio assumir a oposição do partido ao fim da regra da unanimidade na área fiscal na União Europeia, que permitiria aplicar taxas europeias decididas por maioria, Paulo Rangel deixou uma crítica aos centristas. Lembrou que “os que agora falam – e bem alto – contra o imposto europeu” – embora tenha sido "sempre o PSD" que lutou contra os impostos europeus, "desde Mário Soares".
O vice-presidente do Partido Popular Europeu também acusou o CDS de apresentar, erradamente, como impostos europeus algo que “nada tem a ver” com isso, por não incindir sobre os cidadãos, como as “novas receitas próprias da UE provenientes da tributação de transacções financeiras, das plataformas digitais ou ambientais”. E desafiou os que apenas se dizem contra impostos europeus a explicar como é que se vai equilibrar as contas da União Europeia sem aumentar impostos nacionais.
Na sua declaração, Rangel assumiu o PSD como "europeísta e realista" e rejeitou a tese de António Costa de justificar as políticas públicas com o respeito pelas regras de Bruxelas. "Mas foi a escolha do Governo Costa não investir nos serviços públicos, não apostar na mobilidade e infra-estruturas", disse, acusando o executivo de "sacrificar o Estado social".
Assumindo que tem pela frente um desafio “árduo e difícil”, o número um da lista do PSD disse acreditar que a luta “vai ser ganha, ao contrário do que muitos imaginam”. Uma mensagem de confiança quando as sondagens sobre os resultados do PSD nas europeias são de desalento.