Grupo de contacto para a Venezuela reúne-se pela primeira vez em Montevideu

Objectivo é alcançar uma posição conjunta para fomentar o diálogo político entre o Governo venezuelano e a oposição, encabeçada por Juan Guaidó. Mas as divergências no seio do próprio grupo de contacto prometem dificultar esta missão. Portugal estará representado por Santos Silva.

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Manifestação pró-Guaidó em Caracas Reuters/CARLOS GARCIA RAWLINS

O chamado grupo de contacto formado pela União Europeia, e que engloba vários países da América Latina, reúne-se nesta quinta-feira para discutir a crise na Venezuela pela primeira vez, na capital do Uruguai, Montevideu. O objectivo é fomentar o diálogo político num país que vive actualmente com dois presidentes – Nicolás Maduro de um lado, e Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional, que se proclamou Presidente interino.

Encabeçada pela chefe da diplomacia europeia, Frederica Mogherini, a reunião contará com a participação da Alemanha, Espanha, França, Holanda, Itália, Portugal (através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva), Suécia e Reino Unido, do lado europeu, e México, Bolívia, Costa Rica, Equador e Uruguai, da parte da América Latina.

Dos países que participam na primeira reunião do grupo de contacto, apenas a Bolívia, México - que se mantiveram desde o primeiro momento ao lado de Maduro - e Itália, não reconheceram Guaidó como Presidente interino na Venezuela. Aliás, no seio da UE, outros países não declaram apoio ao presidente da Assembleia Nacional venezuelana, casos do Chipre, Grécia, Eslováquia e Roménia, para além de Itália. Estas posições divergentes prometem dificultar uma missão já por si complexa deste grupo de contacto.

Na reunião em Montevideu o objectivo é alcançar uma posição conjunta para iniciar um diálogo com as duas partes que dividem politicamente neste momento a Venezuela – deixando-se claro que não se pretende fazer qualquer tipo de mediação –, preparar eleições livres e que respeitem os requisitos democráticos e renovar o Conselho Eleitoral Nacional (que é composto na sua totalidade por membros ligados ao chavismo).

Nicolás Maduro já propôs publicamente abrir o diálogo com Guaidó, mas este rejeita aquilo que classifica como “falso diálogo”, defendendo que este tipo de negociações serviriam apenas para o Governo de Caracas ganhar tempo enquanto se “alarga o sofrimento do povo”.

Mogherini confessou, antes do começo da reunião, que a missão é difícil, e que o grupo de contacto assumiu um “grande risco” porque a “situação não é animadora”.

Além disso, México e Uruguai já apresentaram a sua própria proposta, materializada no chamado Mecanismo de Montevideu. Ambos os países pedem, “em resposta ao apelo do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres”, uma “negociação imediata” entre o Governo e a oposição venezuelanas. “O grau de complexidade das circunstâncias não é razão para descartar os canais diplomáticos”, dizem ainda estes países num comunicado citado pelo El País.

México e Uruguai assinalaram ainda que não acompanham a tomada de posição do Grupo de Lima, formado em 2017 para abordar a situação na Venezuela reunindo vários países do continente americano, que declarou apoio a Guaidó.

O grupo de contacto terá duração de pelo menos três meses. Se durante este período não se registar quaisquer resultados palpáveis, será dissolvido.

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