Município tenta regular estacionamento de autocarros ocasionais na Ribeira do Porto

Proposta da maioria, que implica perda de lugares para automóveis em rotação no Parque da Alfândega, não agradou à oposição.

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Parque da Alfândega vai ganhar 25 lugares para moradores e comerciantes da zona Manuel Roberto

A Câmara do Porto vai reservar parte do parque da Alfândega para o estacionamento de autocarros em serviço ocasional, para os tirar da via pública, mas a medida, associada a um conjunto de mexidas na circulação na envolvente ao Palácio da Bolsa não agradou à oposição, preocupada com a dificuldade criada para quem pretenda ir de carro, e estacionar, nesta parte da cidade. Nem a introdução de medidas para facilitar a circulação pedonal nesta zona aliviaram o tom das críticas.

Na reunião de Câmara desta terça-feira esteve em votação, apenas, a criação de uma nova tarifa para autocarros no Parque da Alfândega. E essa mereceu o voto contra do PSD e do PS e a abstenção da CDU, que não gostaram da opção de criar, neste parque, uma zona onde caberão 18 autocarros, sacrificando lugares para uma centena de viaturas ligeiras. Com a Alfândega a deixar de ter, já a partir da próxima semana, espaço para automóveis em rotação, saem beneficiados os moradores das redondezas, que terão mais 25 lugares para avenças. Um número que cobre a lista de espera existente, referiu o director municipal de Mobilidade e Transportes, Manuel Paulo Teixeira.

De nada serviu ao arquitecto que já trabalhou no desenvolvimento da rede do metro argumentar que a medida permite retirar da envolvente os autocarros mal estacionados e dar fluidez ao trânsito, tendo em conta de que as dezenas de autopullmans que para ali transportam milhares de turistas – uma parte dos 188 que, num dia, chegam a andar na cidade - deixarão de poder largá-los e recolhê-los na rua, uma operação sempre demorada. Para o PSD, a medida entrega a Ribeira aos turistas, e prejudica os portuenses de outras zonas, que deixarão de fazer fila na Alfândega para a fazer mais a nascente, na entrada para aquele que passa a ser o único parque da zona, o subterrâneo em frente ao Palácio da Bolsa.

Rui Moreira, no debate vivo que o tema suscitou, ainda argumentou que, para o trânsito na Ribeira, uma deslocação em automóvel de alguém da Foz, como ele, ou da Baixa, como o vereador do PSD, tem o mesmo impacto que uma viagem de turistas num táxi entre os hotéis da parte alta para aquele ponto muito procurado. E que a questão não são os turistas, mas a mobilidade naquela zona. A câmara, explicou Manuel Paulo, já arranjou alguns lugares para estes autocarros em dois parques privados, no Campo Alegre e na Garagem Atlântico, impediu-os de seguirem, desta, para a Praça da Batalha e, na cota baixa, faz acompanhar esta possibilidade de estacionamento com alterações à circulação na zona.

Com o objectivo de limitar a circulação destes veículos pesados em vazio, enquanto esperam o fim das visitas guiadas, os autocarros vão deixar de poder descer e subir a Rua de Mouzinho da Silveira, que manterá os dois sentidos, mas só para outros veículos. Em contrapartida, a Rua de São João, já junto ao túnel da Ribeira, troca de sentido e passa a ser ascendente, permitindo, para ligeiros e pesados, uma “porta” de saída rápida para a cota mais alta. Da mesma forma, a poente do Parque de estacionamento da Ribeira, a Rua de Ferreira Borges passa a ter um sentido ascendente o que, complementado com a mudança na estreita e empinada Rua de Belmonte (que deixa de ter o sentido descendente), cria um canal entre a zona da Alfândega e a Cordoaria. Moreira relevou o facto de esta alteração na Rua de Belmonte permitir à câmara alargar os exíguos passeios ali existentes, beneficiando quem anda a pé.

Mais passadeiras para peões

Com estas mudanças que devem entrar em vigor em Abril, o pelouro da mobilidade garante forma de tornar também pedonal todo o largo de São Domingos, prolongando, desta forma, o circuito que já se pode fazer a pé desde o início da Rua das Flores para a Rua do Dr. Sousa Viterbo. A ligação dos peões entre as duas artérias era até aqui cortada pela passagem de carros no largo que as separava e que, com a mudança, as passará a unir. Neste largo, recorde-se, vai surgir, nos próximos meses, a saída do museu subterrâneo do Rio da Vila, que o município acredita poder tornar-se num novo pólo de atracção turística.

Já na Avenida Infante D. Henrique, vão ser desenhadas mais passadeiras, sem que com isso se prejudique muito a fluidez do trânsito, garantiu Manuel Paulo Teixeira, que viu algumas destas mudanças, como a que coloca o trânsito a subir as estreitas ruas de São João e de Belmonte, serem aplaudidas. Mas o centro das atenções da oposição estava mesmo na solução para o parque da Alfândega. A perspectiva de ter “um muro” de autocarros na Alfândega desagrada a Manuel Pizarro, que preferia vê-los fora dali, e nenhum argumento convenceu PS, CDU e PSD a acompanharem a proposta da maioria.

Agradada ainda assim com o aumento de lugares para moradores e comerciantes da zona, a comunista Ilda Figueiredo questionou se não seria possível ter ali um regime alternado, com o espaço que vai ser reservado para autocarros a ser disponibilizado para o estacionamento de ligeiros em rotação, a partir das 18h, beneficiando quem queira, por exemplo, ir jantar à Ribeira. A hipótese, notou a vereadora da Mobilidade, Cristina Pimentel, não está posta de parte, e o regulamento do parque manterá essa tarifa, de modo que, a qualquer momento, o seu uso possa ser adaptado às necessidades.

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