Empresário português assassinado em Malanje, Angola

Segundo as autoridades, a morte de Adérito Florêncio Tété está a ser considerada como um "homicídio qualificado" praticado por "elementos não identificados".

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PÚBLICO

A polícia angolana confirmou este domingo que a morte do empresário português que residia em Malanje, capital da província homónima, foi provocada por "meliantes não identificados", que lhe desferiram "vários golpes na cabeça com objectos contundentes".

Segundo o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC) em Malanje, Lindo Ngola, a morte de Adérito Florêncio Tété, que aconteceu dentro da sua própria residência, está a ser considerada como um "homicídio qualificado" praticado por "elementos não identificados".

Lindo Ngola sublinhou que o SIC accionou vários mecanismos e diligências para identificar os autores e saber dos motivos que estiveram na base do crime.

O porta-voz policial precisou que não há sinais de arrombamento nem de furtos na residência, tendo a polícia tomado conhecimento da situação através da denúncia de uma pessoa próxima à vítima, depois de não conseguir contactá-la e de encontrar a sua viatura com as portas abertas e chaves na ignição na via pública.

De acordo com a fonte, cuja identidade não foi revelada, o empresário tinha o telefone desligado e a residência devidamente encerrada, o que causou alguma suspeita, daí ter havido comunicação à polícia, que descobriu o cadáver no interior da casa.

Adérito Florêncio Tété, 85 anos, natural de Trás-os-Montes e residente em Angola há mais de seis décadas — a polícia admite ter dupla nacionalidade, mas ainda não o confirmou — foi encontrado ainda esta manhã morto em casa, com o SIC a admitir poder tratar-se de um assassinato, disse à agência Lusa um funcionário das empresas da vítima.

Segundo Fernando Carvalho, técnico de contas do Restaurante Capri e da Tété e Gouveia Limitada, Adérito Florêncio Tété foi encontrado no quarto da sua residência, tendo, "aparentemente", sido agredido por desconhecidos com uma tábua de lavar roupa à mão.

Segundo Fernando Carvalho, a vítima, bem conhecida em Malanje, tinha rotinas diárias no restaurante Capri, de que era proprietário, sendo costume deixar o estabelecimento por volta das 23h00, após fechar a caixa, transportando, depois, a responsável por essa função à residência, a caminho de casa.

"[Sábado à noite], houve muita afluência [no restaurante] e acabaram por sair só cerca da 0h30/1h. Pelo que se sabe, deixou a funcionária em casa dela, como de costume, e terá seguido para casa. O alerta foi dado porque Tété não apareceu, tal como era usual, às 5h30, nem às 6h, nem às 7h. Foi uma pessoa a casa dele e encontrou-o morto", contou o contabilista à Lusa.

No seu entender, a tese de roubo da receita de sábado à noite no restaurante não faz sentido, uma vez que todo o dinheiro é guardado num cofre dentro do estabelecimento, "embora possa fazer sentido se os alegados autores não o soubessem".

A viúva do empresário, actualmente em Portugal, chega a Angola na manhã de segunda-feira, disse à Lusa Fernando Carvalho.