Super Bowl: a experiência dos Patriots contra a criatividade dos Rams
Espectáculo desportivo vai coroar o rei do futebol americano, na próxima madrugada. Maroon 5 serão a atracção ao intervalo.
Chegou o mês de Fevereiro e, com ele, o Super Bowl. A final da NFL (Liga profissional de futebol americano) é o maior evento desportivo do ano, com mais de 100 milhões de pessoas sintonizadas em todo o mundo para ver o espectáculo que transcende — em muito — a modalidade. Apesar de o futebol americano não ter a expressão de outros desportos em Portugal, serão muitos os seguidores a acompanhar o encontro entre os Patriots e os Rams na próxima madrugada.
“O futebol americano é um desporto que tem vindo a crescer em Portugal. Há muitas pessoas que não seguem a Liga portuguesa e vêem a NFL. Temos um público assíduo, com muita gente nova a acompanhar os jogos”, revela ao PÚBLICO André Amorim, treinador da selecção nacional de futebol americano e comentador na Eleven Sports.
Nos Estados Unidos, o fim-de-semana que acolhe o Super Bowl é sagrado: em muitas casas, há festas temáticas nas quais se juntam famílias e amigos para assistir à partida. Uma espécie de versão “americanizada” da final da Liga dos Campeões, com um potencial comercial explorado até à exaustão.
O intervalo, por exemplo, é o período mais lucrativo para a estação televisiva que transmite o evento nos Estados Unidos. Este ano, a CBS cobra 5,2 milhões de dólares (4,5 milhões de euros) por cada 30 segundos de publicidade. Também durante o interregno da partida — que se pode estender durante 30 minutos — se encaixa a tradicional actuação, com as maiores estrelas da música a animarem o público no estádio. O palco que outrora foi de Michael Jackson ou de Beyoncé será, este ano, ocupado pelos Maroon 5, que garantem a animação de um evento cujo ingresso mais em conta começa nos 2500 dólares.
Ao contrário de edições passadas, os anúncios não serão marcados por mensagens políticas. Donald Trump e a NFL são "inimigos" antigos: o presidente norte-americano repudiou, por diversas vezes, os jogadores que se ajoelharam durante o hino nacional, em protesto contra a repressão policial sofrida pelas minorias.
Patriots dominam finais
Explicado o circo mediático que envolve este evento desportivo, vamos ao que verdadeiramente importa para os amantes do desporto: os 60 minutos — divididos por quatro períodos — que separam as equipas do tão almejado troféu.
Na 53.ª edição do Super Bowl teremos — pela terceira vez consecutiva — os New England Patriots, que, em 2017, espantaram o mundo com a maior reviravolta de sempre na história da final. Uma equipa habituada a vencer, que ambiciona recolher o sexto anel de campeão. A estrela da companhia, o quarterback Tom Brady, já garantiu que esta época não será a sua última no futebol americano, mas pode ser que este seja o último Super Bowl disputado pelo jogador que alinha pelos Patriots desde 2000 e se tornou um símbolo do desporto.
“Se o Super Bowl deste ano será uma espécie de David contra Golias? Acho que pode ser visto assim. Os Patriots têm dominado o desporto. É importante perceber que o sucesso deles passa pela organização, pela maneira como a gestão da equipa foi montada. O treinador, Bill Belichick, um dos mais experientes da NFL, foca muito o trabalho individual. Consegue controlar muito bem os egos. Se há um jogador que acha que consegue ganhar os jogos sozinhos, sem trabalho de equipa, é corrido do plantel”, explica André Amorim.
Rams têm técnico mais novo de sempre
Bernardo Solipa é jogador dos Lisboa Devils, equipa portuguesa de futebol americano. Tal como Tom Brady, tem a função de fazer jogar a equipa com as decisões que toma, uma posição que o coloca à mercê das placagens adversárias. Para Bernardo, jogar no Super Bowl, principal jogo da modalidade, seria ouro sobre azul: “Acho que qualquer desportista sonha alinhar na competição ou encontro máximo de cada modalidade. Sim, seria o sonho de qualquer pessoa”. Para Bernardo, a experiência dos Patriots pode ser um factor decisivo, na hora de conquistar o troféu: “Não gosto muito da hegemonia no desporto, mas apostaria nos Patriots. Pela experiência e pela equipa técnica, que é muito forte. Claro que será um jogo especial para eles, mas já estão habituados”.
Do outro lado estará uma equipa que não está, de todo, acostumada aos holofotes mediáticos da final da NFL. Ao contrário dos Patriots, os Los Angeles Rams apenas venceram o Super Bowl por uma vez, em 1999. Sem contar com a campanha brilhante realizada esta temporada, nos últimos dez anos, a equipa sediada no estado da Califórnia apenas conseguiu segurar um lugar nos play-offs por uma vez.
Todas as apostas estão, por isso, contra os Rams, mas André Amorim deixa um alerta: “Os Rams têm o treinador mais criativo do ponto de vista ofensivo e a defesa está recheada de estrelas. Aos 33 anos, é o técnico mais novo de sempre no Super Bowl e pode tornar-se o mais jovem a vencer o título da NFL. Acho que será uma história em que a experiência medirá forças com a sagacidade”.
A transmissão do Super Bowl terá início às 23h30 e poderá ser acompanhada em exclusivo nos canais da Eleven Sports.