Um eléctrico de afectos para o Presidente da Bulgária

Rumen Radev e a mulher passearam com Marcelo Rebelo de Sousa num circuito turístico até às Portas do Sol, num intervalo da chuva em Lisboa.

Marcelo com homólogo húngaro em Lisboa
Fotogaleria
Marcelo com homólogo búlgaro em Lisboa Rui Gaudêncio
Presidente acena aos transeuntes do eléctrico
Fotogaleria
Presidente acena aos transeuntes do eléctrico Rui Gaudêncio
Um lição de história
Fotogaleria
Um lição de história Rui Gaudêncio
Comitiva também passeaou a pé
Fotogaleria
Comitiva também passeaou a pé Rui Gaudêncio

Foi uma verdadeira lição de afectos e de história de Lisboa o passeio de eléctrico que Marcelo Rebelo de Sousa ofereceu ao seu homólogo búlgaro, Rumen Radev, em visita de Estado a Portugal. Do Terreiro do Paço até às Portas do Sol e ao miradouro de Santa Luzia, os dois chefes de Estado surpreenderam os transeuntes, primeiro com o aparato policial que fazia de guarda avançada aos dois eléctricos em serviço presidencial, e depois com os abraços, selfies e simpatia que distribuíram no breve passeio a pé.

Marcelo chegou mais cedo ao Terreiro do Paço, ainda chovia, e logo começou a chamar as atenções. Bartolomeu Gracias foi o primeiro a aproximar-se do Presidente e apresentar-se: diz ser primo de António Costa e até mesmo ter vivido na mesma casa do primeiro-ministro em Goa. Um pretexto para a primeira selfie do dia, que Marcelo tirou com gosto e chamando a atenção dos jornalistas para o insólito.

Uma pequena multidão de transeuntes e turistas foi-se juntando para as tradicionais selfies, até que a comitiva búlgara chegou e todos tomaram os seus lugares no eléctrico vermelho. Nada de novo para Rumen Radev e a primeira-dama húngara, habitantes de Sófia, uma cidade onde os eléctricos também são tradição. Mas ver dois Presidentes a passar de eléctrico não é assim tão comum, nem em Lisboa. Alertados pelos pirilampos dos carros e motos da polícia, os peões iam abrindo a boca de espanto e esticando os telemóveis para o cortejo, tentando filmar Marcelo a acenar da janela.

Foto
Rui Gaudêncio

Feito cicerone, o chefe de Estado luso ia explicando os lugares por onde passavam, desde a reconstrução pós-terramoto às instalações da primeira universidade portuguesa, ali na zona das Escolas Gerais. Mostrava também a diversidade cultural da cidade, tão bem representada na Almirante Reis, embora com alguma preponderância: “Chinese, chinese, chinese”, dizia Marcelo, apontando para as lojas, porta-sim porta-sim, com letras do alfabeto chinês nas montras.

“Ah, the President”, exclamam duas jovens estrangeiras à porta de um café: nesta altura, já Marcelo tinha convidado Radev e a mulher para irem para a cabine do eléctrico explicar-lhes como funciona a máquina… e a campainha. Na Rua da Graça, as pessoas vieram para a rua ver o que se passa. “Vai trabalhar”, ouve-se de um homem que certamente achava que era tudo passeio. Mas era a diplomacia dos afectos em acção pública.

Mal o eléctrico parou nas Portas do Sol, a chuva era já uma miragem. E se de repente dois Presidentes parassem para falar consigo com o Tejo ao fundo? Seria impulso? Marcelo abraça, Marcelo beija, Marcelo apresenta o homólogo e este não se faz de rogado: Radev abraça e beija e tira selfies também, com a mulher a manter-se à distância, mais perto dos seguranças, pelo sim, pelo não.

Foto
Rui Gaudêncio

Um grupo de jovens de várias nacionalidades acabados de chegar a Lisboa para fazer Erasmus aproxima-se, percebendo quem anda ali. “Quanto tempo vão ficar em Portugal?”, pergunta o Presidente búlgaro. Seis meses, respondem. “Têm sorte, o Presidente Marcelo só me deixa ficar dois dias”. E todos se riem.

De volta ao Terreiro do Paço, cada um vai à sua vida: Marcelo recebe os parceiros sociais à tarde, Rumen Radev tem um almoço com António Costa. À saída de um hotel, dois estrangeiros ainda estão incrédulos: “Ainda nem acredito no que acabei de ver”.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários