Sistema de Mobilidade do Mondego lançado na próxima semana
Conselho de Ministros aprovou investimento de 85 milhões para autocarros eléctricos que vão ligar municípios de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã.
O Conselho de Ministros (CM) aprovou, nesta quinta-feira, o investimento de 85 milhões de euros para instalar o Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM). A implementação do sistema de autocarros eléctricos que vai ligar a cidade de Coimbra ao concelho da Lousã, passando pelo município de Miranda do Corvo, vai ser desenvolvida pela Infra-estruturas de Portugal, refere o comunicado da presidência do Conselho de Ministros.
O concurso para as obras no antigo Ramal da Lousã será apresentado na próxima segunda-feira, refere a agência Lusa, após a conferência de imprensa do Conselho de Ministros. À autorização de despesa de 85 milhões de euros para o SMM acresce 15 milhões de euros para intervir na estação ferroviária de Coimbra-B e 20 milhões de euros para o material circulante.
O ministro do Planeamento e Infra-estruturas, Pedro Marques, anunciou, citado pela Lusa, que, após os processos concursais, a empreitada “entrará pelo ano de 2020 fora”, para que o sistema começa a entrar em funcionamento em 2021, “ainda que de modo faseado”.
A nota do CM refere que a solução de “MetroBus Elétrico” constitui “uma opção sólida em termos de infra-estrutura, moderna ao nível tecnológico e viável do ponto de vista económico-financeiro”.
O investimento será realizado com recursos a fundos europeus ao abrigo da reprogramação do Portugal 2020, que foi aprovada em Dezembro de 2018. Pedro Marques considerou que “a solução da ferrovia pesada já não servia a população”, para salientar que que o Sistema de Mobilidade do Mondego na configuração que foi apresentada em Junho de 2017 permite servir melhor as populações, tendo em conta também a eficiência e a descarbonização.
“Recuperar o tempo perdido”
“Perdeu-se muito tempo e gastou-se já muito dinheiro sem utilidade relevante”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, aos jornalistas à margem de uma conferência sobre segurança urbana, no Convento São Francisco, em Coimbra. O autarca sublinha que já foram gastos neste sistema de mobilidade 118 milhões de euros, sem que tenha atingido o seu objectivo: “até agora, não transporta pessoas”.
Para o presidente do município da Lousã, Luís Antunes, a medida anunciada nesta quinta-feira reforça a “confiança na concretização do projecto”, sublinhando ao PÚBLICO que “está dentro do cronograma assumido aquando a apresentação pública”, em 2017. Reconhecendo que o “histórico é pesado”, refere que a comunidade está confiante “relativamente à concretização da solução”.
A aprovação do Conselho de Ministros é um passo para “recuperar o tempo perdido”, mas Machado ainda não está totalmente satisfeito.
“Ainda há etapas que têm de ser desenvolvidas”, assinala, como “a produção dos veículos, que leva algum tempo”. Há também a necessidade de levar a cabo “intervenções no espaço urbano que são significativas”.
Também Luís Antunes assinala que só estará satisfeito com o sistema a funcionar.
O sistema de autocarros eléctricos vem substituir a automotora do Ramal de Lousã, que deixou de circular em 2010, para que os carris fossem levantados e ali instalado uma metropolitano ligeiro de superfície. Tal nunca veio a acontecer. A empreitada foi suspensa por motivos financeiros, sendo que os utentes do Ramal da Lousã têm vindo a ser transportados por autocarros que ligam os municípios de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã.
A solução apresentada por Pedro Marques, em Junho de 2017, para repor a circulação no canal rejeitou assim tanto o metropolitano de superfície como a reposição dos carris e electrificação da linha para a circulação de comboios. O percurso do SMM prevê um trecho urbano e outro suburbano. Na cidade, o metrobus liga o Alto de S. João a Coimbra-B e a Baixa da cidade aos Hospitais da Universidade de Coimbra, circulando em via dupla, com canal dedicado “em alguns trechos” e com prioridade em todos os cruzamentos principais.
Num momento seguinte, deseja Manuel Machado, o SMM deve ser alargado.
“A partir do momento em que esteja a funcionar na primeira fase, é expectável e desejo que possa ser estudado o alargamento da área territorial a ser servida pela mobilidade facultada por este dispositivo que está agora a ser criado”. Há também a necessidade de articular este novo sistema com os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra, para não duplicar linhas e horários, adverte.