O Governo dos Emirados Árabes Unidos (EAU) entregou, este domingo, 27 de Janeiro, os prémios anuais de uma iniciativa que pretende promover a igualdade de género no local de trabalho — e todos os vencedores se fizeram representar por homens.
O vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, o tenente-general Sheikh Saif bin Zayed al-Nahyan, é a "melhor personalidade que apoia o equilíbrio de género", depois de ter tentado implementar a licença de maternidade nas forças armadas dos EAU.
Também os certificados e medalhas para melhor iniciativa, melhor entidade governamental e melhor autoridade federal que apoia a igualdade de género foram entregues pelo Sheikh Mohammed bin Rashid al-Maktoum, líder do Dubai, a três homens: o ministro das Finanças, o ministro dos Recursos Humanos e à Autoridade Federal de Estatística e Competitividade.
"Acho que há um conceito-chave relacionado com 'equilíbrio de género" que vocês não estão a perceber", lê-se num dos mais de 300 comentários ao tweet que junta imagens oficiais da entrega de prémios. "Atingiram um equilíbrio perfeito entre homens com pêlos faciais escuros e claros. Os meus parabéns", lê-se noutro.
O departamento de comunicação do Dubai, a mesma conta que partilhou as primeiras imagens, respondeu depois ao próprio tweet. "Estamos orgulhosos do sucesso das mulheres dos Emirados Árabes Unidos e o seu papel para moldar o futuro deste país é central. O equilíbrio de género tornou-se um pilar dentro das nossas instituições governamentais." Nas fotografias que acompanham esta resposta já estão representadas algumas mulheres.
O Sheikh terá "reconhecido os esforços" de uma mulher que desenvolveu "projectos excepcionais que ajudaram a atingir os objectivos de equilíbrio de género desta nação". No entanto, Sheikha Manal bint Mohammed bin Rashid al-Maktoum, que também faz parte da família real, não recebeu qualquer prémio.
Segundo as Nações Unidas, os Emirados Árabes Unidos são o segundo país do Médio Oriente com melhor pontuação no ranking de igualdade de género, depois de Israel. Em Abril último foi aprovada legislação que obriga à igualdade salarial. Se em 1975 existiam, no mercado de trabalho dos EAU, apenas mil mulheres, em 2015 este número subiu para 135 mil. Mas o país continua sem penalizar a violência doméstica e a prioritizar os direitos dos homens no sistema legal.