Salvini deve ser julgado por sequestro, diz tribunal italiano
Em causa está o desembarque negado a 177 migrantes no Verão de 2018.
Matteo Salvini, vice-presidente do Governo e ministro do Interior, poderá estar perto de ir a julgamento por sequestro depois de uma inesperada decisão de um tribunal da Sicília. Em causa está a decisão de negar a 177 migrantes o desembarque em Itália, em Agosto de 2018.
Salvini líder da Liga, partido coligado com o Movimento 5 Estrelas (M5S) no poder, está há seis meses sob investigação pelo alegado sequestro e detenção de 177 ocupantes do navio Diciotti, impedidos de desembarcar pelo Ubaldo Diciotti, uma embarcação da guarda costeira italiana.
“Posso enfrentar até 15 anos de cadeia porque impedi que ilegais desembarcassem em Itália. Estou sem palavras. Tenho medo? Nem pensar nisso. Não vou desistir. Agora a decisão passará pelo Senado. Veremos como corre”, afirmou Salvini no Facebook, em resposta à decisão do tribunal italiano.
O navio com os migrantes esteve ancorado no porto siciliano de Catania durante seis dias. Salvini e a União Europeia envolveram-se num diferendo em torno da responsabilidade de acolher as 177 pessoas. A Igreja Católica, a Irlanda e a Albânia acabariam por acolher estes migrantes, na sua maioria provenientes da Eritreia, um país africano.
Por ser membro do Governo, a formalização das acusações contra o vice-presidente do Executivo terá de ser votada pelos deputados italianos, que decidirão se Salvini enfrentará ou não julgamento. O ministro do Interior afirmou estar confiante no apoio dos parlamentares da Liga, mas o apoio dos parceiros de coligação, os populistas do M5S, é menos certo, devido à declaração de princípios do partido, que exige a demissão de políticos sob investigação.
Se o M5S “salvar” Salvini, poderá perder credibilidade junto do seu eleitorado. Por outro lado, uma votação desfavorável poderia colocar em causa a aliança com a Liga.