Passam a 62 as audições da comissão de inquérito a Tancos
Oficial que decidiu a redução em 75% dos efectivos de segurança do polígono militar vai ser ouvido pelos deputados.
As audições da comissão parlamentar de inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas do furto do material militar ocorrido em Tancos vão ter, para já, mais uma sessão. Serão 62 as convocatórias depois de, nesta quinta-feira, o CDS-PP ter apresentado um requerimento para que o tenente-coronel António José Fernandes Marques Tavares, o oficial responsável pela diminuição dos efectivos das rondas de segurança ao polígono onde estavam os paióis, deponha também perante os deputados. A iniciativa será, obviamente, votada favoravelmente.
Esta citação era obrigatória e só um erro de metodologia dos deputados a justifica tão tarde. Foi em 2006, que o tenente-coronel Marques Tavares assinou um despacho estipulando para 15 de Fevereiro do ano seguinte a redução do efectivo de segurança para oito magníficos soldados de Tancos: um sargento, um cabo e seis soldados. A descoberta desta realidade não constou de qualquer audição dos oficiais que têm passado duas vezes por semana pelo Parlamento.
A descrição desta redução, calculada mesmo em 75%, consta do primeiro parágrafo da página 16 de Tancos 2017, Factos e Documentos, publicado em Março de 2018 com a chancela do Ministério da Defesa, ou seja, ainda no tempo do ministro Azeredo Lopes. Mais, este compêndio de 106 páginas não está em recônditas hemerotecas, mas acessível à distância de um clic no sítio ministerial.
Na tarde desta quinta-feira, o coronel Hilário Dionísio Peixeiro, comandante do Regimento Pára-Quedista, uma das unidades encarregadas da segurança, confirmou o que os seus antecessores já tinham corroborado: carências, deficiências, sistemas de vigilância electrónica inexistentes ou obsoletos e, segundo tudo indica, um roubo de oportunidade. A este propósito, o coronel Dionísio Peixeiro admitiu que o assalto aos paióis ocorreu pouco tempo antes de serem melhoradas as condições de segurança, numa espécie de última chance.
Afirmou que nos seus relatórios dos turnos de mensais de rondas e vigilância apontava as deficiências de toda a espécie, por quatro vezes falou de limitações nas formas de dificuldades ou meios escassos, mas sempre no limite da hierarquia. “As chefias determinaram que era exequível o sistema de segurança”, precisou. Quanto à sua exoneração por 17 dias e posterior readmissão admitiu que se sentiu mal, mas não lhe atribuiu uma justificação laboriosa. “Não foi uma cortina de fumo para enganar o poder político, foi o melhor que o meu general [Rovisco Duarte, então chefe do Estado-Maior do Exército] conseguiu fazer naquele curto tempo”, justificou.