Quase 900 pessoas morreram em conflitos étnicos no Congo em Dezembro
Conclusão é das Nações Unidas, que diz que o número de mortos resultantes do conflito entre as comunidades Batende e Banunu, que se prolongou por vários dias, ainda pode ser maior.
Pelo menos 890 pessoas terão morrido em alguns dias de confrontos étnicos no na República Democrática do Congo no mês de Dezembro. Estes são dados das Nações Unidas, tornados públicos na quarta-feira, sendo que a organização avisa que o número de vítimas pode ainda ser maior.
O conflito entre as comunidades Batende e os Banunu na província de Mai-Ndombe, no Nordeste do Congo, foi dos mais violentos dos últimos anos na região. Iniciaram-se nas primeiras semanas de Dezembro, poucos dias antes das eleições gerais.
Na segunda-feira, um padre local e o activista social calcularam que pelo menos 400 pessoas morreram durante este banho de sangue, que provocou o adiamento sucessivo das eleições na região — a votação acabou por acontecer no início de Janeiro. No entanto, os mais recentes números da ONU mais do que duplicaram este cálculo.
“Tenho de reforçar que 890 é o número de pessoas que sabemos que foram sepultadas”, explicou a porta-voz de Direitos Humanos da ONU, Ravina Shamdasani, citada pela Reuters. “Há relatos que muitas outras pessoas podem ter sido mortas e que os seus corpos podem ter sido lançados ao rio Congo ou que podem ter sido queimados”, continuou.
Ainda segundo a ONU, os confrontos entre os dois grupos étnicos em Mai-Ndombe levou a que — calcula-se — 16 mil pessoas tenham tentado fugir, atravessando o rio Congo, procurando refúgio na vizinha República do Congo (ou Congo-Brazzaville).
Além disso, pelo menos 465 casas e edifícios, incluindo escolas, centros de saúde ou mercados, foram incendiados ou pilhados.
Ainda que a violência não tenha estado directamente ligada às eleições gerais que ocorreram, há relatos de que os confrontos se iniciaram por causa do apoio dos líderes da comunidade Batende à coligação então no poder, enquanto que os Banunu apoiavam a oposição.
O candidato da oposição congolesa, Felix Tshisekedi, acabou por vencer as eleições presidenciais. Mas os resultados foram de imediato contestados por outro candidato oposicionista, Martin Fayulu, que denuncia um "golpe eleitoral" para o afastar do poder.
Estas eleições marcaram o fim de 18 de poder de Joseph Kabila.