Inglaterra diz não ao upskirting: fotografar roupa interior de mulheres sem autorização já é crime

Fotografar ou filmar a roupa interior de mulheres sem o seu consentimento já era considerado crime noutros países. Agora, a Inglaterra junta-se à lista de nações que considera o upskirting uma agressão sexual.

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Tamara Bellis/Unsplash

O upskirting — acto de fotografar ou filmar a roupa interior de mulheres sem o seu consentimento — vai tornar-se crime na Inglaterra. A câmara alta do Parlamento britânico aprovou esta terça-feira, 15 de Janeiro, uma legislação que condena até dois anos de prisão quem for apanhado a cometer este crime sexual. 

Em 2017, Gina Martin estava num festival de música em Londres quando percebeu que um homem estava a filmá-la por baixo da sua saia. Quando foi à polícia denunciar o caso, disseram-lhe que nada podia ser feito uma vez que a imagem não era sexualmente explícita. 

"Há 18 meses decidi que não ia ignorar mais uma agressão sexual. Descobri que [o upskirting] não era considerado uma ofensa sexual e decidi que ia tentar mudar a lei para todos nós", conta a activista nas suas redes sociais.

Gina Martin promoveu uma campanha online e acabou por reunir mais de 100 mil assinaturas. O projecto precisa ainda da aprovação formal da Rainha Isabel II, depois de ter passado pela Câmara dos Lordes, mas o "sim" já é visto como uma conquista por grupos que lutam pelos direitos das mulheres.

"O upskirting é um acto que muitas vezes fica impune. As mulheres devem ser livres para viver a sua vida sem medo de serem alvo de abusos em espaços públicos", disse à agência Reuters Jacqui Hunt, directora da Equality Now, uma organização não-governamental que luta para proteger e promover a defesa dos direitos de mulheres em todo o mundo.

Segundo a Reuters, uma em cada cinco mulheres no Reino Unido já experienciou algum tipo de agressão sexual desde os 16 anos e um relatório da YouGov concluiu que quase uma em cada quatro foi assediada sexualmente num local público nos últimos cinco anos.

O upskirting já é um crime punível com pena de prisão na Escócia, na Austrália e na Nova Zelândia. Em Agosto de 2018, milhares de mulheres da Coreia do Sul ocuparam as ruas para protestar contra um acto muito semelhante, um fenómeno chamado molka (nome que se dá à expressão “pornografia de câmaras escondidas”, em coreano) que consiste em homens a filmar mulheres em locais como casas de banho públicas, escritórios e escolas.

Os vídeos e fotografias, feitos com smartphones ou câmaras estrategicamente escondidas, eram depois publicados em sites de pornografia. As filmagens levaram as mulheres a adoptar medidas de precaução, como desligar as luzes quando vão à casa de banho ou tapar buracos onde estes equipamentos possam estar escondidos.

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