Turistas britânicos regressam a Portugal após queda de 13 meses

Novembro assistiu a uma recuperação dos estrangeiros na hotelaria, com o mercado britânico, o mais importante, a crescer 7,6% nas dormidas.

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Britânicos são o principal mercado da Madeira e Algarve, mas no Norte estão na 5ª posição, passando para a 6ª em Lisboa Paulo Pimenta

O mês de Novembro do ano passado trouxe boas notícias para o sector hoteleiro, com uma subida dos estrangeiros reflectida no número de hóspedes, que cresceu 4,5% face ao mesmo mês de 2017, e nas dormidas, que também subiram 2,2%.

Em Outubro, a variação das dormidas tinha sido negativa, tal como nos seis meses anteriores. Aqui, o destaque vai para o mercado britânico, que, de acordo com os dados da actividade turística publicados esta terça-feira pelo INE, cresceu 7,6% em Novembro e colocou um ponto final a um ciclo de quedas que perdurava desde Outubro de 2017.

Com uma quota de 17% em Portugal, os britânicos são o principal mercado emissor, e o seu recuo tem causado impactos mais visíveis em regiões como o Algarve e a Madeira (os aeroportos de Faro e do Funchal tiveram variações negativas em 2018 em termos de passageiros e movimentos de aeronaves, ao contrário de Lisboa, Porto e Açores).

Mesmo assim, os dados de Novembro não evitam uma queda do turismo britânico, em termos acumulados desde o início do ano, de 6,3% em número de hóspedes (equivalente a 119 mil) e de 8% nas dormidas. Entre as explicações para este recuo estão os efeitos do “Brexit” e a desvalorização da libra, a recuperação de mercados concorrentes como a Turquia, Egipto e Tunísia (por via do factor preço, e cujas moedas também se desvalorizaram), e perturbações nas ligações aéreas devido a factores como a falência da britânica Air Monarch.

Receios do “Brexit”

Falta agora perceber se a recuperação do mercado britânico se mantém, num quadro de maior incerteza face aos efeitos do “Brexit”, e dos moldes em que este será efectuado. Num inquérito divulgado em Dezembro pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), o “Brexit” era considerado pelos agentes do sector como o segundo maior constrangimento ao crescimento em 2019 (o primeiro eram os custos com energia, gás e água).

Esta segunda-feira, em declarações à Reuters, o presidente executivo do grupo Pestana, José Theotónio, afirmou esperar que, a determinada altura, haja “bom senso” e que “seja atingido um acordo para evitar um ‘hard Brexit’” (ou seja, sem um período de transição). Mesmo assim, acrescentou, “os hotéis portugueses vão ter de ajustar os preços para manter o mercado inglês”.

Em termos de receitas, e apesar da descida global, estas têm vindo a subir: entre Janeiro e Outubro de 2018 (últimos dados disponíveis), o mercado britânico foi responsável por 2189 milhões de euros, 17% acima de idêntico período do ano anterior.

Na semana passada, o presidente da Confederação do Turismo Português (CTP), Francisco Calheiros, afirmou que se tinham de analisar as consequências do “Brexit”.  “Está na altura de fazer mais promoção no Reino Unido, de tentar substituir as companhias aéreas que deixaram de voar para o Algarve, de reforçar alguns produtos populares no Reino Unido, como o golfe – os ingleses são fanáticos por golfe – e apostar no MICE [sigla inglesa para meetings, incentives, conferences and events], que leva muita gente para o Algarve”, sublinhou este responsável em declarações à Lusa.

Receitas a crescer

Os dados divulgados hoje pelo INE mostram ainda que, apesar dos bons resultados de Novembro, com uma subida de 6,3% nos hóspedes e 4,6% nas dormidas, o que engloba um bom comportamento do mercado interno, há um arrefecimento, quando se analisa o conjunto do ano. Entre Janeiro e Novembro a subida de hóspedes foi de 1,6% (0,2% em termos de estrangeiros), com um recuo de 0,2% nas dormidas (menos 2,2% nos estrangeiros). No mesmo período de 2017 tinha havido uma subida de 8,7% nos hóspedes (11,6% em termos de estrangeiros) e de 7,2% nas dormidas (8,6% nos estrangeiros).

Em termos de regiões, a Madeira foi a única excepção à tendência de subida das dormidas em Novembro, ao cair 3,1%. As maiores subidas registaram-se no Norte (12,8%) e no Alentejo (11,6%), tendo a Área Metropolitana de Lisboa, que recebeu a Web Summit no início desse mês, crescido 1,8%.

Olhando para as receitas, estas têm mantido uma rota de crescimento, e em Novembro conheceram mesmo uma nova aceleração. De acordo com o INE, os proveitos totais subiram 6,3% no mês em análise (acima dos 2,8% de Outubro), chegando aos 189,3 milhões de euros. Já nos primeiros 11 meses do ano os proveitos totais foram de 3431 milhões, o que representa uma subida de 6%.

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