Ano de 2018 será um “intervalo de curtíssimo prazo" na trajectória dos resultados da TAP

Miguel Frasquilho, presidente do conselho de administração, baixou esta terça-feira as expectativas face aos resultados do grupo, que voltou aos lucros em 2017.

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Grup TAP voltou aos lucros em 2017 Paulo Pimenta

O exercício que terminou no ano passado será um "intervalo de curtíssimo prazo" na trajectória dos resultados da TAP, que a médio e longo prazo é "positiva e crescente", revelou hoje Miguel Frasquilho, presidente do conselho de administração do grupo TAP.

Entre as explicações avançadas por este responsável, num encontro promovido pela Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), em Lisboa, Frasquilho enunciou razões que afectaram as contas do ano passado, como o elevado investimento (o grupo contratou mais de mil trabalhadores qualificados) e também os elevados cancelamentos e atrasos de voos que obrigaram a indemnizações "muito acima dos padrões normais" e pelos quais pediu desculpas em nome da empresa.

A TAP foi também penalizada, conforme explicou o gestor, pela desvalorização do real no Brasil – um dos seus principais mercados - e os elevados preços dos combustíveis (por via da subida do petróleo).

Desta forma, o presidente do conselho de administração acabou por baixar as expectativas face aos resultados de 2018. Em 2017, o grupo teve um resultado positivo de 21,2 milhões de euros, marcando assim o regresso aos lucros, o que já não acontecia desde 2007. Falta agora perceber qual o real impacto negativo nas contas de 2018, e se este foi suficientemente forte para conduzir o grupo de volta aos prejuízos ou se se conseguiu manter no “verde”.

Rota China-Portugal "em breve" e em codeshare

Miguel Frasquilho adiantou também que a ligação Lisboa-Pequim, com passagem por Xian, vai iniciar-se “dentro em breve”, previsivelmente “em Fevereiro ou Março”, através de codeshare.

O gestor lembrou o fim recente da ligação entre as capitais portuguesa e chinesa, o que poderá alterar a “evolução favorável” de turistas chineses até Outubro em Portugal.

Depois de contextualizar que os turistas chineses lideram a lista de quem mais gasta em Portugal, o responsável informou sobre o retomar da ligação entre Portugal e China, mas desta feita com uma escala em Xian e em regime de codeshare (partilha de venda de bilhetes entre companhias aéreas) pela TAP, numa operação da Beijing Capital Airlines.

O responsável indicou que a TAP neste processo é “parceiro passivo” e que as informações que a empresa recebeu é que a “configuração anterior [voo directo entre Lisboa e Pequim] não seria rentável”.

No início de Dezembro, quando se realizou a visita do presidente da China, Xi Jinping, a Portugal, um dos temas em cima da mesa foi o da ligação aérea entre os dois países. Depois da suspensão pela Capital Airlines em Outubro da rota entre Hangzhou e Lisboa, com escala em Pequim, deixou de existir uma conexão directa. Na altura, o PÚBLICO noticiou que se estava a preparar uma nova rota entre Lisboa e Xian (a oeste de Pequim) com dois voos por semana e prolongamento até Pequim, a partir de Março.

A Beijing Capital Airlines pertence ao grupo HNA, accionista da TAP e que se tem defrontado com problemas de liquidez (tem em curso uma estratégia de venda de activos para reduzir o endividamento). Depois de ter entrado na Atlantic Gateway (de Neeleman e Pedrosa) em 2017, com 5,6%, via Hainan Airlines, os investidores chineses reforçaram depois a posição no consórcio para 11,5%, o que lhes deu uma posição indirecta de 5,2% da TAP (45% é da Atlantic Gateway, 50% do Estado, e os outros 5% estão nas mãos de trabalhadores do grupo).

O cruzamento de interesses alastra-se ao Brasil, já que a HNA é também accionista da transportadora aérea Azul, criada por Neeleman e detentora de 90 milhões de euros em obrigações da TAP, convertíveis em acções.