Syriza perde parceiro de coligação e Tsipras marca moção de confiança

Ministro da Defesa e líder dos Gregos Independentes apresentou demissão por causa da disputa em torno do nome da Macedónia.

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Alexis Tsipras decidiu convocar moção de confiança no Parlamento EPA/PANTELIS SAITAS

O ministro da Defesa grego, Panos Kammenos, apresentou a demissão este domingo, em protesto pelo acordo sobre o nome da Macedónia, abrindo uma crise política que põe em causa o Governo e pode precipitar eleições antecipadas.

O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, anunciou que vai pedir ao Parlamento que vote uma moção de confiança ao Governo que, com a saída de Kammenos, perde o apoio de um dos membros da coligação, o partido nacionalista Gregos Independentes. Os sete deputados que o partido tem no Parlamento são vitais para que o Executivo liderado pelo Syriza, de esquerda, tenha uma maioria estável.

“Tomei a minha decisão e informei o presidente do Parlamento de que vou iniciar imediatamente o processo previsto pela Constituição para a renovação da confiança no meu Governo”, disse Tsipras numa conferência de imprensa neste domingo de manhã. O presidente do Parlamento propôs que a votação ocorra na próxima quarta-feira, dia 16.

A saída de Kammenos deixa o futuro do Governo em suspenso. A bancada do Syriza tem 145 deputados, num total de 300, e dependia do apoio dos sete deputados dos Gregos Independentes para manter o Executivo em funções. Se uma maioria dos deputados chumbar a moção, o Governo cai e serão marcadas eleições antecipadas – as eleições legislativas estão marcadas para Outubro.

O líder dos Gregos Independentes já revelou que irá dar instruções à sua bancada para votar contra a moção. É possível que Tsipras sobreviva sem que a maioria dos deputados vote a favor da moção de confiança, mas seria necessário que houvesse várias abstenções, explica o jornal Kathimerini.

As sondagens para as eleições legislativas mostram uma vantagem do partido conservador Nova Democracia, que lidera a oposição ao Governo e que é contra o acordo fechado entre a Grécia e a Macedónia. O posicionamento do partido na votação da moção de censura será crucial para a sobrevivência do Governo.

Problema histórico

Kammenos justificou a sua demissão com o acordo alcançado entre a Grécia e a Macedónia sobre o nome da antiga república jugoslava. Há décadas que a designação do país balcânico era fortemente disputada entre Atenas e Skopje – travando até a candidatura da Macedónia à União Europeia e à NATO.

"A questão da Macedónia não me permite não sacrificar o meu cargo", afirmou Kammenos, após uma reunião com Tsipras esta manhã, em que anunciou a sua demissão.

A utilização do étimo “Macedónia” é o principal ponto de discórdia. Na Grécia, os sectores mais nacionalistas da sociedade consideram que se trata de uma apropriação errada do legado histórico do Império da Macedónia de Alexandre, o Grande, ao mesmo tempo que temem que a utilização do termo possa servir como base para futuras reivindicações territoriais, especialmente da região grega com o mesmo nome.

A questão gera controvérsia desde 1991, quando a Macedónia declarou a independência da Jugoslávia. O nome adoptado pelo novo país – que se refere à região histórica onde se situa – gerou de imediato oposição da Grécia. Para que ocupasse o seu lugar nas Nações Unidas foi encontrada na altura uma solução de compromisso e o país passou a ser designado oficialmente como Antiga República Jugoslava da Macedónia.

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A fórmula sempre foi encarada como temporária e nunca agradou a nenhum dos dois países, para além de continuar a ser um obstáculo à integração da Macedónia na UE e na NATO. No ano passado, os Governos de Atenas e Skopje alcançaram um acordo histórico, com o objectivo de pôr fim à controvérsia. A solução foi a de passar a designar a Macedónia como Macedónia do Norte. O acordo foi, porém, recebido com protestos nas duas capitais e a sua implementação ainda não está garantida.

Na sexta-feira, o Parlamento de Skopje aprovou por uma margem mínima uma alteração constitucional que fixa o novo nome do país, embora com um boicote da oposição nacionalista. O Parlamento grego terá também que dar luz verde ao acordo para que a mudança se concretize.

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