Enfermeiros conseguiram angariar mais de 400 mil euros para próxima greve

A paralisação está agendada para sete centros hospitalares durante 45 dias a partir de segunda-feira.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

A recolha de fundos 'online' para financiamento da "greve cirúrgica" dos enfermeiros, com início previsto para segunda-feira, ultrapassou hoje os 400 mil euros, a meta pretendida. Às 11:20 de hoje o valor estava nos 400.777 euros. A greve convocada para segunda-feira segue o modelo da que já ocorreu entre 22 de Novembro e 31 de Dezembro.

Depois de se reunirem com o Ministério da Saúde, a Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) decidiram manter, para já, a chamada “greve cirúrgica” — nos blocos operatórios —, disseram ao PÚBLICO a dirigente da ASPE, Lúcia Leite, e do Sindepor, Carlos Ramalho. Porém, admitem ainda suspender o protesto caso o Governo cumpra o acordado esta sexta-feira: que haverá uma reunião “política ao mais alto nível” no dia 17 de Janeiro.

A paralisação está agendada para sete centros hospitalares durante 45 dias a partir de segunda-feira. Segue-se a uma primeira que decorreu entre 22 de Novembro e o fim do ano e levou ao cancelamento de milhares de cirurgias.

Um movimento de enfermeiros lançou uma recolha de dinheiro numa plataforma 'online' para ajudar a financiar os colegas durante a paralisação. Na ocasião, a recolha de fundos atingiu 360 mil euros.

Para a nova paralisação a recolha decorre até segunda-feira, tendo ultrapassado hoje a meta pretendida de 400 mil euros.

O financiamento colaborativo, ou 'crowdfunding', é o tipo de financiamento de entidades, nomeadamente pessoas colectivas (nas quais se incluem os sindicatos), das suas actividades e projectos, através do seu registo em plataformas electrónicas acessíveis na Internet, com o objectivo de angariar investimento proveniente de investidores individuais.

O 'crowdfunding' é regulado pelo Regime Jurídico do Financiamento Colaborativo, previsto na Lei 102/2015, de 24 de Agosto, com as alterações introduzidas pela Lei nº 3/2018, de 9 de Fevereiro.

Existem várias modalidades de financiamento colaborativo: donativo, recompensa, capital e empréstimo, sendo que os enfermeiros recorreram ao financiamento colaborativo através de donativo, sem entrega de contrapartida pecuniária.

Na sexta-feira a Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) disse à Lusa que os sindicatos de enfermeiros mantêm a "greve cirúrgica" com início previsto para segunda-feira, mas admitem suspendê-la se o Governo confirmar antes do arranque da paralisação uma nova reunião negocial a 17 de Janeiro.

"Neste momento, nós comprometemo-nos a suspender a greve caso nos seja confirmada a reunião de dia 17 com os dois ministérios [Saúde e Finanças] e com esta mesa negocial para tentarmos de facto chegarmos a um compromisso", disse à Lusa Lúcia Leite, dirigente da ASPE.

Nesta segunda greve cirúrgica, a decorrer entre 14 de Janeiro e 28 de Fevereiro, a paralisação poderá afectar blocos cirúrgicos de sete centros hospitalares: os dois centros do Porto, Braga, Vila Nova de Gaia/Espinho, Entre Douro e Vouga, Tondela/Viseu e Garcia de Orta.