Diário

Telefonema de Marcelo para Cristina Ferreira. Não me admira: são cortesias de colegas. Quando sair de Belém o destino natural deste Presidente do Povo é um programa da manhã.

3 de Janeiro

Banalidades de Marcelo no discurso de Ano Novo, mas toda a gente em êxtase a ver se a popularidade dele se lhe pega. Não pega. Nestas coisas, a esquerda chega a ser patética: o Público até lhe chamou “revolucionário”. O mesmo Marcelo foi à inauguração de Bolsonaro, para mais um exercício da falsa fraternidade luso-brasileira. Ao pé do outro pareceu-me velho e caduco. De qualquer maneira, gostei de o ver; porta-se nestas cerimónias com o à vontade de um ministro de Salazar.

4 de Janeiro

Pensamentos de um comentador desportivo sobre o despedimento do treinador do Benfica: “Não se pode ser boa pessoa e ser bom treinador”; “Em qualquer profissão é preciso, para subir, pôr os pés nos ombros dos rivais”.

5 de Janeiro

A esquerda continua a insistir que não se pode banalizar o mal. Seja o mal Trump, Bolsonaro, Visegrado, Salvini, ou um pequeno criminoso político português. Isto parece inócuo mas não é. É igual ao enorme saco do anti-fascismo, que Estaline inventou e que produziu algumas das maiores tragédias políticas dos anos 30 aos anos 50, e em Portugal até aos anos 70, PREC incluído. Depois de todas as confissões, revelações e autocríticas, suspeito que à socapa se está a voltar aos truques do costume com os argumentos do costume. O ministro João Cravinho não aprendeu nada com o pai.

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Fala-se por aí de mais um grupo anti Costa, denominado Movimento “Europa e Liberdade”. Vai-se ver os nomes e, ao princípio, a coisa até nem cheira mal. Infelizmente, quase no fim, vêm à tona o “sector da energia” e o nosso querido amigo Daniel Proença de Carvalho. Nem com pinças.

7 de Janeiro

Telefonema de Marcelo para Cristina Ferreira. Não me admira: são cortesias de colegas. Quando sair de Belém o destino natural deste Presidente do Povo é um programa da manhã.

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Um manifesto, assinado por umas dezenas de associações e à volta de 250 “personalidades” – O racismo e o fascismo não passarão!. Não se percebe este frenesim, que se comunicou ao Presidente da República e produziu um apelo aos portugueses para não serem intolerantes nem radicais.

Quem acha que Portugal é uma sociedade racista não sabe o que é uma sociedade racista. E quem acha que o país de repente está perto do fascismo – coisa que nem durante a ditadura esteve – endoideceu. Quanto à intolerância e ao radicalismo, que verdadeiramente só existiram durante o PREC, não consigo imaginar onde Marcelo os vê. Espero que ele não se referisse às greves do fim do ano. As nossas greves são, e sempre foram, um exemplo de moderação.

Posto isto, não é difícil perceber a origem do excesso de zelo, que por aí anda. A Europa quer alistar os portugueses na campanha pela União e contra o populismo (seja o que for que se entende por isso). Compete aos portugueses decidir se querem entrar em querelas que não lhes dizem respeito.

8 de Janeiro

Suponham que Trump nunca pensou em construir o muro (que, de resto, é obviamente uma metáfora), e está a desafiar o Congresso para os americanos se convencerem que os democratas o impediram de construir o muro.

9 de Janeiro

Uma discussão hipócrita sobre a abolição das propinas. Para abolir as propinas basta uma assinatura; para construir residências e restaurantes universitários é preciso uma política.

10 de Janeiro

A que propósito a RTP transmite em directo, ou tentou transmitir, as cerimónias de posse de um ditador demente como Nicolás Maduro? Maduro não é populista?

11 de Janeiro

Luís Montenegro e Miguel Morgado, mais dois que se tomam por Sá Carneiro. Quando deviam falar, não falaram; e agora que não deviam falar, não conseguiram ficar calados. É transparente que as listas de candidatos para o parlamento europeu e para a Assembleia da República é aquilo que do coração os move.

A dra. Manuela Ferreira Leite também veio proclamar ao povo que não era de direita. Sempre a achei um bocado desorientada.

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