Shutdown está a atrasar a reparação da melhor câmara do Hubble
Entretanto, e apesar da falha, o Hubble descobriu o quasar mais brilhante alguma vez visto, com a luminosidade de quase 600 biliões de sóis.
O telescópio Hubble está com um problema num dos seus instrumentos mais importantes: a câmara grande angular 3, responsável por algumas das fotografias mais célebres da NASA. A “falha no hardware” foi identificada às 17h23 da última terça-feira, faz saber o comunicado publicado no site oficial da NASA.
Neste momento, o Hubble conta apenas com três lentes (uma câmara e dois espectógrafos), uma vez que a grande angular 3 está suspensa desde que foi identificada a falha, que está “a ser investigada”. “A câmara grande angular 3 foi instalada durante a Missão de Serviço 4, em 2009 e está equipada com componentes electrónicas redundantes, caso seja necessário para recuperar o instrumento”, explica ainda o curto comunicado. Isto é: o telescópio foi concebido de maneira a que todos os instrumentos tenham várias redundâncias. Assim, garante-se que, mesmo com alguma falha, a informação não se perde.
Tom Brown, líder da missão do Instituto Científico do Telescópio Espacial (o centro científico responsável pelas operações do Hubble), deu mais detalhes ao Washington Post – nomeadamente que o problema afecta os canais ópticos e ultravioleta da câmara responsável por 50% das descobertas científicas do Hubble. Até lá, a reparação fica comprometida.
Os engenheiros estão a trabalhar para resolver o problema, uma tarefa que pode levar dias ou mesmo semanas, de acordo com o líder da missão. E que ganha o novo nível de complexidade com o shutdown parcial do Governo norte-americano, que já dura há 19 dias e está a afectar gravemente a capacidade de acção da equipa. A grande maioria dos trabalhadores da NASA foi dispensada (mais de 95% dos trabalhadores estão em casa, de acordo com o Post) sem receber salário. Apenas uma pequena equipa de responsáveis pelos aparelhos actualmente no espaço – como é o caso do Hubble – tem autorização para continuar a trabalhar, detalha a revista Nature.
Entretanto, e apesar da falha, o Hubble descobriu o quasar mais brilhante alguma vez visto, com a luminosidade de quase 600 biliões de sóis. O objecto celeste, catalogado como J043947.08+163415.7, é também muito antigo e, para os cientistas, pode trazer novo conhecimento sobre o nascimento das galáxias.
Lembra o Washington Post que esta é a segunda falha no espaço de quatro meses. Em Outubro, um problema nos giroscópios – os dispositivos que garantem que o telescópio mantém sempre a mesma direcção – obrigaram a uma paragem forçada de três semanas. As duas falhas não estão relacionadas, de acordo com Brown, mas trata-se de “um sinal da idade”. Afinal, o Hubble já tem quase 30 anos e, no espaço, está exposto a condições extremas.
Dos oito satélites do programa de exploração espacial da NASA, apenas um está em “missão prolongada”: o Hubble. Isto quer dizer que o telescópio, que também é detido em 15% pela Agência Espacial Europeia, já está a voar há mais tempo do que o esperado e deverá continuar até 2020 pelo menos.
O seu substituto já tem nome. Será o telescópio espacial James Webb que, por enquanto, ainda está em terra.