"Macron, estás lixado", as mulheres vestiram "coletes amarelos"
Apelando à não-violência, realizaram-se pequenos protestos, sempre contra o Presidente francês.
Depois das manifestações a doer, com violência, foi a vez de uma manifestação de algumas centenas de mulheres vestidas com coletes amarelos saírem à rua em Paris, e noutras cidades francesas, com um apelo à não-violência, mas que parecia quase uma repreensão ao Presidente Emmanuel Macron, cuja demissão pedem também. "Macron, estás lixado, as gajas estão na rua", era uma das palavras de ordem.
No sábado, a manifestação fez estragos na capital, e cerca de 50 mil pessoas protestaram em todo o país, exigindo um referendo de iniciativa cidadã (conhecido pela sigla RIC), a bandeira comum em torno da qual o movimento de revolta contra a governação do Presidente Macron se congregou.
"Sou a tua prima", "Sou a tua colega", diziam os cartazes que algumas manifestantes traziam pendurados ao pescoço. "Esta não é uma manifestação feminista, mas pretende dar uma imagem diferente do movimento", explicavam.
Para o Presidente Macron, este tipo de manifestação é mais uma dificuldade. A violência na qual degeneraram os protestos de sábado, que incluiu a invasão do edifício onde fica o gabinete do ministro porta-voz do Governo, Benjamin Griveux, com uma empilhadora — obrigando-o a fugir — é mais fácil de retratar como obra de arruaceiros. A destas mulheres, que em vez disso denunciam actos de violência de polícia, é mais complicada de gerir.
O jornal Le Monde noticia o caso de um comandante da polícia de Toulon, responsável por 400 agentes, condecorado com a Legião de Honra, que foi filmado no sábado a bater em várias pessoas, numa manifestação de "coletes amarelos". O procurador da República considera que o comandante agiu "de forma proporcional à ameaça, num contexto de insurreição", diz o diário. Mas num vídeo distribuído nas redes sociais vê-se o comandante a esmurrar um homem encurralado contra um muro.
Este é um dos problemas de manter durante muito tempo uma situação de revolta contra o Governo — os primeiros protestos foram a 17 de Novembro. A violência dos manifestantes e a repressão policial começam a ultrapassar limites.
E, entretanto, várias análises vão dando conta de um Presidente Macron cada vez mais isolado no Eliseu — determinado a prosseguir a sua agenda reformadora, ainda que contra a vontade do país e com falta de interlocutores.