Amadora-Sintra activa plano de contingência e região de Lisboa abre mais camas
Hospital deixou de receber na urgência os doentes levados pelo INEM que estão a ser encaminhados para outros hospitais. Região de Lisboa e Vale do Tejo já abriu 337 camas das 611 que fazem parte do plano de Inverno.
O Hospital Amadora-Sintra activou esta sexta-feira o plano de contingência e deixou de receber na urgência os doentes levados pelo INEM. Estes casos estão a ser encaminhados para outros hospitais da região. A procura de cuidados de saúde tem aumentado nos últimos dias e na região de Lisboa e Vale do Tejo já foram activadas mais de metade das camas previstas no plano de Inverno. O pico da gripe pode chegar dentro de uma semana com entrada na fase de epidemia.
Desde quarta-feira que o número de doentes a chegar às urgências do Hospital Amadora-Sintra não tem parado de crescer. Esta sexta-feira, por volta das 19h, a unidade activou o plano de contingência, que passa por avisar o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) que não tem capacidade para receber doentes encaminhados pelo INEM, que são por norma situações mais graves.
“Estamos a registar uma média diária de 480 urgências. A média normal é de 300 episódios por dia. Anteontem [quarta-feira] começamos a registar um aumento de procura, ontem atingimos o pico e hoje activamos o plano de contingência. Para segurança dos doentes notificámos o CODU para que os doentes fossem encaminhados para outras unidades”, explicou ao PÚBLICO fonte do hospital, adiantando que estavam a chegar ao hospital muitos casos de idosos acamados.
A Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo já activou o plano de Inverno, que dura até Abril, e abriu mais de metade das camas adicionais. “No âmbito do Plano de Contingência do Inverno, o número de camas adicionais é de 611. Até agora já foram abertas 337 camas”, disse ao PÚBLICO fonte da ARS, acrescentando que “durante a próxima semana, os hospitais irão reforçar o número de profissionais de saúde”.
Sem procura
Esta é, aparentemente, a região em que a procura de cuidados de saúde, sobretudo urgências, está a ser maior, já que nas restantes ARS os planos de Inverno ainda não foram activados. “Tendo em conta a monitorização diária, ainda não houve necessidade de se proceder à alteração de horários. Na parte respeitante aos hospitais, tudo farão para maximizar a sua capacidade e actuarão de acordo com os planos de contingência”, disse a ARS Norte.
Na ARS Centro, o plano prevê a abertura de até 200 camas adicionais. Até agora foi aberta uma. “Até ao momento, os serviços têm estado a funcionar normalmente com os recursos humanos disponíveis. Apenas houve necessidade de reforçar a equipa da consulta aberta do Centro de Saúde de Vagos (Aveiro), aos fins-de-semana, devido ao aumento da afluência registado no passado fim-de-semana”, disse fonte daquele organismo.
Já no Alentejo, as várias unidades hospitalares podem abrir até mais 67 camas quando for necessário. O que ainda não aconteceu. Também nos centros de saúde, o alargamento de horário “ainda não se justificou, uma vez que ainda não houve aumento de procura”.
O mesmo acontece no Algarve. A ARS informou que estão a monitorizar a situação, mas “até ao momento ainda não se justificou a activação do plano de Inverno”. O mesmo prevê, adiantou o organismo, “o eventual alargamento dos horários de centros de saúde e aumento de camas adicionais”.
De acordo com dados disponíveis no Portal do SNS, no dia 2 deste mês (os mais recentes) registaram-se 20.567 episódios de urgência em todo o país. Destes, 13% tiveram um diagnóstico de infecção respiratória. Taxa que está a crescer desde meados de Dezembro e que está muito próxima dos valores registados no mesmo período do ano passado.
A directora-geral da Saúde admitiu que a gripe pode entrar em período epidémico dentro de uma semana, mas disse que a situação actual é "de normalidade". "O grande conselho que damos é que não vão directamente à urgência. A primeira porta de entrada no sistema de saúde, nesta altura, é o SNS 24, através do número 808242424", salientou Graça Freitas.
Para o pneumologista e intensivista Filipe Froes, o Inverno e a gripe funcionam como "o teste anual do algodão" ao Serviço Nacional de Saúde, que se encontra no limite e sem capacidade para responder a aumentos de procura. “Quando um SNS, que já em circunstâncias normais está no limite e sem reserva, se confronta com aumento do trabalho resultante do frio e do aumento da actividade dos vírus respiratórios, quem está no limite entra em falência e não tem qualquer capacidade de se adaptar", disse o especialista à agência Lusa.