Greve: SEF diz que adesão foi de 9%, sindicato fala de 80%
SEF diz que em 37 postos de atendimento, 10 fecharam.
A adesão à greve dos funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) ronda os 80%, segundo dados provisórios do sindicato, que criticou os baixos salários dos funcionários do serviço documental, em média de 600 euros líquidos. Já o SEF emitiu um comunicado onde faz saber que a adesão foi de apenas 9,08%.
Os números do primeiro dia de greve dos funcionários do serviço documental "ainda não são definitivos, até porque há pessoas de férias, mas as nossas estimativas são de uma adesão de 80%", disse à Lusa a presidente do Sindicato dos Funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SinSEF), Manuela Niza. "A greve está a ter uma forte adesão no atendimento ao público. Nos serviços da avenida António Augusto Aguiar, por exemplo, são os mediadores culturais que estão a fazer o atendimento ao público", acrescentou Manuela Niza, sublinhando que está "imensa gente à porta" daquele serviço do SEF situado em Lisboa, onde "as marcações estão a ser reagendadas e os processos estão parados".
Já o SEF em comunicado faz outro balanço: "No âmbito da greve dos funcionários da carreira não policial do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, levada a cabo pelo Sindicato dos Funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, verificou-se hoje uma adesão à greve de 55 funcionários, num total de 606 funcionários não policiais (9,08%). Nos Serviços Centrais do SEF, na sede, não houve registo de funcionários em greve."
Dos 37 postos de atendimento disponíveis ao público, "a nível nacional, 27 encontram-se abertos ao público, tendo 10 encerrado devido à greve", prossegue. E esclarece: "Esta greve prevista para os 26, 27 e 28 de Dezembro, convocada pelo Sindicato dos Funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, diz respeito aos funcionários administrativos do SEF, pelo que não corresponde aos funcionários da Carreira de Investigação e Fiscalização do SEF com funções directas no controlo de fronteira."
"Um salário de miséria"
Os funcionários do serviço documental iniciaram nesta quarta-feira uma greve de três dias como forma de protesto contra a sua situação laboral. Responsáveis pela análise documental, são estes trabalhadores que tratam também dos Vistos Gold, dos reagrupamentos familiares, fazendo a análise de quem pode ou não vir para Portugal. Em troca, sublinha Manuela Niza, recebem "um salário de miséria".
"Têm uma enorme responsabilidade, mas o salário médio líquido são 600 euros. Podiam ir para o centro de saúde tirar senhas para distribuir pelos utentes porque iriam ganhar exactamente o mesmo", descreveu.
Estes trabalhadores pedem, "há mais de quatro anos", um estatuto próprio e a integração na lei orgânica, afirmou a presidente do SinSEF, lembrando que a carreira especial que tinham foi abolida em 2008 e desde então passaram a integrar a carreira geral.
"Os funcionários do SEF têm disponibilidade permanente, mas os funcionários do serviço documental não têm direito a subsídio de disponibilidade apesar de estarem disponíveis quando é preciso", criticou.
Os trabalhadores protestam também contra a falta de pessoas nos serviços documentais que, segundo Manuela Niza, são menos de 500 mas deveriam ser o dobro.
Sublinhando a importância do trabalho destes funcionários, que analisam os processos de concessão ou renovação de vistos, a presidente do SinSEF acrescentou que "a segurança previne-se não se combate".