"Coletes amarelos": uma preocupante informação errada
Verificam-se dois fracassos: o da organização dos protestos e o das forças de segurança e de quem as tutela.
A PSP antecipou “manifestações de grande dimensão em todo o país”. "Tendo em conta a informação que tem sido tornada pública”, foram tornados públicos comunicados de apelo ao civismo e ao respeito pela lei. Alguns membros do Governo também o afirmaram e manifestaram a sua preocupação com a possibilidade de se verificarem incidentes.
O Presidente da República fez uma acção de charme junto dos camionistas, tentando que estes não se juntassem aos protestos dos chamados “coletes amarelos”. Realizaram-se reuniões em cima de reuniões para responder da melhor forma à “grande dimensão” do que aí vinha. Foi mobilizado um impressionante contingente da PSP e da GNR com milhares de efectivos espalhados por todo o país.
Chegado o dia das manifestações verificam-se dois enormes fracassos: o da organização dos protestos, que não só não pararam o país como não pararam quase nada, e das forças de segurança e de quem as tutela (Ministério da Administração Interna/Governo), já que a única “grande dimensão” que se viu nas ruas e estradas do país foi a dos agentes policiais.
Chegados aqui, o dado mais preocupante é saber que as direcções das forças de segurança e governantes foram municiados por informação errada em matéria da mais alta delicadeza como o é a segurança interna.
Claro que alguns membros do Governo já terão suspirado de alívio — a boa disposição do primeiro-ministro já na manhã desta sexta-feira a comentar as manifestações é o melhor sinal disso.
Provavelmente, alguns até esfregaram as mãos de contentamento por pensarem que o fracasso das manifestações poderá revelar que os portugueses estão felizes com a acção do Executivo.
Não há, porém, razões para festanças quando se percebe que as forças policiais e quem as tutela agem com base em informações erradas. Essa devia ser hoje a principal preocupação do Governo.