Eis o Farout, o planeta mais distante do nosso sistema solar

Muito para lá de Plutão, de Biden, Goblin e Éris está o planeta-anão mais longínquo até agora localizado. Encontra-se a 18.000 milhões de quilómetros do Sol e pensa-se que demorará mais de mil anos a completar uma só órbita.

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Ilustração artística do planeta 2018 VG18, ou Farout Ilustração de Roberto Molar Candanosa/Cortesia da Instituição Carnegie para a Ciência

Foi localizado o objecto até agora mais distante do nosso sistema solar – é tão remoto e invulgar que os cientistas decidiram dar-lhe a alcunha de Farout (do inglês “longínquo”, “invulgar”, “bizarro”, “extraordinário”). Trata-se de um planeta-anão rosado, coberto de gelo, com movimento muitíssimo lento e que está a cerca de 120 vezes mais distante do Sol do que a Terra (o nosso planeta encontra-se a 150 milhões de quilómetros do Sol, distância essa que representa uma unidade astronómica, ou UA).

O astrónomo Scott Sheppard, da Instituição Carnegie para a Ciência, na cidade de Washington (EUA), disse esta terça-feira que se estima que o planeta-anão – designado de forma mais oficial, ainda que provisória, 2018 VG18 – tenha 500 a 600 quilómetros de diâmetro. Além de Scott Sheppard, David Tholen (da Universidade do Havai) e Chad Trujillo (da Universidade do Norte do Arizona) são os outros autores da descoberta.

“Quando vi o objecto pela primeira vez, estava a mover-se muito lentamente; era a coisa mais lenta que alguma vez tinha visto. Por isso, murmurei para mim próprio ‘Far out’, algo como ‘isto é fixe’. Mas também é um objecto muito longínquo e por isso chamei-lhe Farout”, explicou Scott Sheppard.

A sua descoberta foi publicitada na segunda-feira pelo Centro de Pequenos Planetas da União Astronómica Internacional. “Não sabemos muito sobre ele”, acrescentou Scott Sheppard. “Só o descobrimos no mês passado. A partir do seu brilho pudemos determinar o tamanho. Sabemos qual é a sua cor. Tem uma tonalidade entre o rosado e o avermelhado. Se puséssemos gelo lá e o irradiássemos com a radiação do Sol ao longo do tempo, o gelo acabaria por ter uma cor entre o avermelhado e o rosado. Achamos que a sua superfície está provavelmente coberta de gelo.” A cor rosa, explique-se ainda, está geralmente associada a objectos ricos em gelo.

Há cerca de 50 planetas-anões no nosso sistema solar. Os maiores são Plutão, com 2370 quilómetros de diâmetro e que se encontra agora a 34 UA do Sol, e a seguir Éris, com um diâmetro de 2325 quilómetros e a 96 UA.

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Roberto Molar Candanosa/Scott S. Sheppard/Cortesia da Instituição Carnegie para a Ciência

Scott Sheppard e os outros dois colegas localizaram o Farout durante a busca de objectos extremamente distantes no nosso sistema solar, incluindo um suposto Planeta X, por vezes designado Planeta 9, e que segundo aquele astrónomo terá cinco a dez vezes o tamanho da Terra.

Aliás, a existência de um nono planeta principal nos confins do sistema solar foi proposta por esta mesma equipa de investigadores em 2014, quando anunciaram a descoberta do planeta 2012 VP113, ou Biden, a sua alcunha, e que actualmente está a 84 UA do Sol, lembra agora o comunicado da Instituição Carnegie para a Ciência sobre o anúncio do Farout. O Planeta X, no entanto, ainda não foi localizado.

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Imagens obtidas a 10 de Novembro no telescópio Subaru (no Havai), que permitiram descobrir o planeta Farout Cortesia de Scott S. Sheppard e David Tholen

Em Outubro último, a mesma equipa anunciou a descoberta de um outro objecto distante no nosso sistema solar – o 2015 TG387, a que deu a alcunha de O Goblin (personagem mitológica de aspecto semelhante a um duende nas lendas nórdicas), uma vez que este objecto foi localizado perto do Halloween. “O Goblin foi descoberto quando estava a 80 UA e tem uma órbita coerente com a influência de um invisível Planeta X do tamanho de uma super-Terra nos confins muito distantes do sistema solar”, acrescenta o comunicado.

Quanto ao Farout, ainda não se conhece bem a sua órbita, pelo que não sabe se terá alguma influência gravitacional do tal Planeta X. As suas primeiras imagens foram obtidas a 10 de Novembro no telescópio japonês Subaru, no topo do vulcão Mauna Kea (Havai), seguindo-se a confirmação no Telescópio Gigante de Magalhães, no Chile. A 120 UA do Sol, Farout desloca-se tão lentamente que, diz a equipa, poderá demorar de mais de mil anos a completar uma única órbita ao Sol.

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