Dezenas de palestinianos feridos durante demolição de casa em Ramallah

Ciclo de violência continua na Cisjordânia. Cidade sede da Autoridade Palestiniana bloqueada por checkpoints.

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O momento da demolição em Al-Amari Reuters/MOHAMAD TOROKMAN

Centenas de soldados israelitas chegaram antes do nascer do dia ao campo de refugiados de Al-Amari, nos arredores de Ramallah, evacuaram as casas da vizinhança e, segundo as centenas de palestinianos que ali vivem, obrigaram famílias inteiras a passar horas ao frio. Depois demoliram o edifício propriedade da conhecida activista Latifa Abu Hamid, mãe do suspeito de ter morto um militar em Maio.

A atmosfera de tensão persiste pela cidade, com escolas e universidades fechadas este sábado, descreve a correspondente da Al-Jazira, Natasha Ghoneim.

Antes da demolição, junto à cidade que é sede da Autoridade Palestiniana, na Cisjordânia ocupada, o Exército expulsou dezenas de jornalistas e de activistas que estavam no local para tentar travar as retroescavadoras. Durante a operação, pelo menos 56 palestinianos ficaram feridos.

“Fazia muito frio. Muitas pessoas de idade, mulheres e crianças estavam doentes”, contou à AFP Samir al-Toukhi, que ali vive.

O Exército disse ter destruído a casa por ser ali que morava Islam Abu Hamid, preso em Junho pela morte de um soldado, que no mês anterior tinha sido atingido por um bloco de pedra lançado de um edifício precisamente no campo de Al-Amari, durante um raide israelita.

É a terceira vez que a casa dos Abu Hamid é destruída – seis dos filhos de Latifa Abu Hamid estão presos; um foi morto pelas tropas israelitas em 1994. “A primeira vez que a destruíram nós reconstruímo-la, a segunda vez também. Desta vez, mil vezes, podem destruí-la e nós iremos reconstruí-la”, promete Latifa, que em 2011 foi escolhida pela Autoridade Palestiniana para apresentar o pedido de reconhecimento da Palestina nas Nações Unidas.

Nos últimos dias, pelo menos cinco palestinianos foram mortos por forças de Israel (e centenas ficaram feridos) em Jerusalém Oriental e em diferentes lugares da Cisjordânia. De acordo com a Associação de Prisioneiros Palestinianos, pelo menos cem palestinianos foram detidos desde quinta-feira.

Três israelitas, incluindo dois soldados, foram mortos num ataque em que foram disparados tiros de um carro em movimento perto de um colonato, na quinta-feira.

Trata-se do terceiro ataque anti-israelita em dois meses na região e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, está sob pressão de grupos de colonos. As forças israelitas bloquearam por isso mesmo Ramallah e ergueram uma série de barreiras dentro da cidade.

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Funeral do jovem palestiniano morto na sexta-feira perto de Ramallah EPA/ALAA BADARNEH

Este sábado foi também dia para os israelitas enterrarem os dois soldados e para os palestinianos fazerem o funeral da sua última vítima, Mahmoud Nakha, de 18 anos, morto na sexta-feira durante confrontos com militares perto do campo de Jalazone, a 7 km de Ramallah.

“Isto é um crime de guerra por parte da autoridade ocupante… Benjamin Netanyahu é completamente responsável pelos crimes cometidos contra os palestinianos”, reagiu o principal negociador palestiniano, Saeb Erekat. “Netanyahu acredita que ao demolir casas e matar palestinianos vai conseguir paz e segurança. Está a empurrar palestinianos e israelitas para um ciclo de violência e contra-violência; essa é a verdade.”

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