O humor sincero de Better Things a incidir no feminino

Pamela Adlon acumula funções na série de comédia que se foca sobretudo na relação entre mães e filhas. Depois de o co-criador Louis C.K. ter sido afastado da equipa de produção, a série chega a Portugal pouco antes da chegada da terceira temporada, prevista para 2019.

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A actriz Pamela Adlon Reuters/GUS RUELAS

Com um elenco maioritariamente feminino, a comédia dramática Better Things tenta dar um outro olhar a um lar de uma mãe solteira com três filhas, um retrato muito próximo da criadora e protagonista Pamela Adlon. Conhecida pelo seu papel de Marcy Runkle em Californication, a actriz confessa que tenta tornar a série “intemporal” – tanto que a trama só chega agora a Portugal através da plataforma Fox+, dois anos depois da estreia nos EUA.

Na série, Pamela Adlon divide-se em funções: além de ser protagonista e co-criadora juntamente com Louis C. K. (já lá vamos), é também argumentista, realizadora e produtora.

O enredo tem o seu lado de autobiografia. Centra-se na mãe Sam e nas suas filhas Max (Mikey Madison), Frankie (Hannah Alligood) e Duke (Olivia Edward) – e ainda a avó e vizinha Phyllis (Celia Imrie). Tal como a protagonista, também Adlon trabalha em Hollywood e tem três filhas. A actriz considera que o papel de “mãe solteira” nem sempre está bem representado nos ecrãs, sentindo-se portanto grata por haver quem se identifique com o discurso da série e descreva a sua personagem como um retrato honesto daquilo que é ser mãe solteira.

Num humor cru (e por vezes negro) polvilhado em episódios de cerca de 20 minutos, os temas em cena espelham sobretudo o universo feminino, mas não só: vai desde a menstruação à gravidez, ao mundo dos encontros, à adolescência e aos complexos com o corpo, à relação entre mães e filhas.

“Há algo na série para toda a gente porque todos já fizemos parte de uma família, isto não é só para as mães”, garante Adlon, acrescentando que “não é sobre ser-se mãe ou ser-se filha”.

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Mario Anzuoni/REUTERS

O comediante Louis C.K. contribuiu para as duas primeiras temporadas da série: Adlon e C. K. eram amigos de longa data e foram muitos os projectos em que trabalharam juntos. Pouco tempo depois da eclosão do movimento de denúncia #MeToo, Louis C.K. foi acusado de má conduta sexual. À data, Adlon admitiu estar “devastada” pelos relatos e pela confissão de C. K., dizendo sentir “tristeza e empatia” pelas mulheres que denunciaram os casos.

Foi então tomada a decisão de afastar Louis C. K. da série e continuar a sua produção – o canal FX considerou que seria injusto “castigar” a protagonista pelas más acções de um colaborador –,com novas contratações na equipa de argumentistas; o comediante, por sua vez, deixou de receber dividendos de Better Things e foi também afastado de outras séries de produção conjunta.

Em 2019 chega a terceira temporada da série, que foi nomeada para os Emmy (incluindo a nomeação de Adlon para melhor actriz em série de comédia) e para os Globos de Ouro.

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