Comissário europeu diz que a UE se deve preocupar com a Huawei

Declarações do comissário europeu Andrus Ansip são mais um sinal do clima de desconfiança que se vive em diversas capitais relativamente à expansão da empresa tecnológica chinesa.

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Reuters/CHRIS WATTIE

A União Europeia deve estar “preocupada” com a Huawei e com outras empresas chinesas do sector tecnológico devido aos riscos que estas colocam em termos de segurança, defendeu esta sexta-feira o comissário europeu para o Mercado Único Digital.

As declarações de Andrus Ansip são mais um sinal, no meio de vários outros um pouco por todo o globo, de desconforto de diversos países relativamente à expansão dos gigantes tecnológicos chineses e, em particular, da Huawei, uma das principais fabricantes de telemóveis do mundo.

“Devemos estar preocupados com estas empresas”, afirmou o comissário numa conferência de imprensa em Bruxelas, citado pela Reuters. A preocupação, explicou, tem a ver com o facto de as empresas tecnológicas chinesas poderem ser forçadas a fornecer informações aos serviços secretos do país. “Como pessoas normais que somos, temos de ter receio”, disse.

A ascensão muito rápida da Huawei durante os últimos anos, que a transformou numa das empresas com maiores volumes de vendas de telemóveis e outros aparelhos electrónicos em todo o mundo tem levado, nas últimas semanas, a tomadas de posição de outros governos com base em questões de segurança.

Em Novembro, a Austrália e a Nova Zelândia decidiram bloquear a participação da empresa chinesa no projecto de criação de redes 5G no país, sendo noticiado que essa decisão ocorreu após uma forte pressão por parte dos Estados Unidos. E no Japão, foi noticiada esta semana a possibilidade de o Governo impedir as empresas tecnológicas chinesas de concorrerem ao fornecimento de equipamentos aos serviços públicos, o que motivou uma reacção imediata das autoridades chineses.

A Administração de Donald Trump, no meio de uma guerra comercial com a China que também envolve questões de defesa de patentes das empresas tecnológicas norte-americanas, tem mostrado que está decidida a tomar uma posição de força nestas matérias. E a recente detenção da administradora financeira da Huawei (e filha do fundador da empresa) no Canadá a pedido dos EUA veio acentuar o clima de tensão entre os dois países, que actualmente estão num período de tréguas de 90 dias para chegarem a um acordo comercial.

Em contra-ciclo, durante a recente visita do presidente chinês Xi Jinping a Portugal, foi assinado entre a Altice e a Huawei um acordo para o desenvolvimento da tecnologia 5G em Portugal. Esta assinatura, uma das 17 realizadas em Lisboa na quarta-feira, surge na sequência de um anterior acordo estabelecido entra as duas empresas em 2016, durante a visita de António Costa à China.

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