Professores entregam 20 mil postais de protesto ao Governo

Na próxima quarta-feira, Fenprof apresenta um pedido de reunião suplementar para retomar as negociações.

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Daniel Rocha
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Cerca de 150 professores desfilaram nesta quinta-feira até à presidência do Conselho de Ministros, em Lisboa, onde entregaram 20.520 "postais de apoio à luta dos professores, recolhidos junto da população", segundo os sindicatos.

Os professores concentraram-se por volta das 11h da manhã em frente à Basílica da Estrela, de onde saíram cerca das 12h15, depois de ouvirem o discurso do secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, que considerou a reunião de quarta-feira entre os sindicatos e o Ministério da Educação uma "vergonha", "uma encenação barata" e "um absurdo".

Durante a reunião, agendada no âmbito do Orçamento do Estado para 2019, para discutir a recuperação do tempo de serviço, o Ministério da Educação manteve inalterada a sua proposta de recuperação de menos de três anos do tempo de serviço que esteve congelado.

Mário Nogueira lembrou que "o tempo de serviço que os professores trabalharam não é moeda de troca, não é negociável". Esta estrutura sindical deverá apresentar, na próxima quarta-feira, um pedido de reunião suplementar para retomar as negociações.

Segundo Mário Nogueira, a proposta do ministério, que "rouba mais de seis anos aos professores", poderá chegar à reunião do Conselho de Ministro de 20 de Dezembro, ou seja, "poderá ser uma prenda de Natal para os professores".

Em declarações aos jornalistas, o sindicalista questionou ainda a posição do líder da bancada socialista, Carlos César, em todo este processo, uma vez que, nas ilhas, os professores conseguiram a recuperação integral do tempo de serviço e, no continente, o Governo pretende apenas recuperar menos de três anos.

Durante o desfile, ouviram-se palavras de ordem como "Ó Governo, escuta, o tempo é para contar, são nove anos quatro meses e dois dias" e "nos Açores e na Madeira há respeito pela carreira".

No protesto, os professores exibiam caixas do correio onde estavam os postais dirigidos ao primeiro-ministro, a quem apelam por mais investimento na educação e respeito pelos professores.

Dois sacos vermelhos

Os postais foram colocados dentro de dois sacos vermelhos, fazendo lembrar os sacos do Pai Natal. No final, depois de os entregarem, Mário Nogueira explicou aos jornalistas: "Não fomos recebidos pelos governantes porque estão reunidos em Conselho de Ministros. Fomos recebidos pela secretária geral da presidência do Conselho de Ministros a quem pedimos que transmitisse que aqueles postais constituem uma prova de que a população portuguesa conhece o que se está a viver e a questão que os professores reclamam, da contagem de tempo de serviço. E que apoia essa reivindicação. Isto ao ponto de, em tão poucos dias, ter assinado tantos postais."

E acrescentou: "A encenação absurda que o Governo ontem fez connosco não substitui, de forma alguma, a negociação que vai ter de fazer a partir de 1 de Janeiro de 2019 ao abrigo da lei do Orçamento do Estado, que ainda nem promulgada está."