Rui Vilar: “Os tempos em Serralves estão normalizados. Agora temos de olhar para o futuro”
Novo presidente do Conselho de Fundadores diz que “Serralves vai continuar a ser uma instituição de referência com projecção internacional". E defende que a polémica causada pela demissão do director do museu está ultrapassada.
Rui Vilar, o novo presidente do Conselho de Fundadores (CF) de Serralves, diz que é tempo de olhar para o futuro, sublinhando a dimensão nacional e internacional da fundação. O antigo presidente da Fundação Gulbenkian foi escolhido entre os fundadores da instituição, reunidos esta quarta-feira no Porto, para substituir Luís Braga da Cruz, que pediu para sair por razões pessoais.
Na manhã desta quinta-feira, Rui Vilar explicou ter aceitado as funções depois de sido proposto por muitos fundadores, de João Marques Pinto a Paulo Azevedo, passando por António Gomes de Pinho, Teresa Patrício Gouveia, Artur Santos Silva, Valente de Oliveira, Paulo Azevedo e Rui Moreira. “Aceitei porque estou ligado a Serralves desde o início, ainda antes da constituição da fundação. Fiz parte e fui vice-presidente do primeiro conselho de administração. Serralves é uma instituição de uma importância nacional e se o meu contributo foi considerado necessário e útil eu estou disponível para contribuir”, disse ao PÚBLICO, numa breve conversa por telefone, antes de entrar para uma reunião.
Vilar é presidente do conselho de administração da Caixa-Geral de Depósitos, um cargo não-executivo, e esteve à frente da Gulbenkian, a mais importante fundação portuguesa, entre 2002 e 2012, sendo actualmente um dos seus administradores não-executivos (2017-2022).
O seu nome foi proposto por este primeiro grupo de signatários, conforme o PÚBLICO noticiou na quarta-feira, tendo depois sido secundado por outros membros, numa eleição aprovada por unanimidade que decorreu durante a reunião anual do CF, a que assistiram mais de 100 fundadores, e em que o Estado se fez representar pela ministra da Cultura, Graça Fonseca.
Rui Vilar chega agora à presidência deste grupo de notáveis, a quem cabe, entre outras funções, aprovar o plano de actividades da fundação para o próximo ano, ainda na ressaca da polémica desencadeada pelas alegadas ingerências da administração na exposição do fotógrafo Robert Mapplethorpe e pela demissão do director do Museu de Serralves, João Ribas, que saiu em conflito com o órgão presidido por Ana Pinho, também presente na reunião de fundadores. Ao PÚBLICO, o novo presidente sublinhou que essa polémica está "totalmente" ultrapassada e que “os tempos em Serralves estão normalizados”.
"Foi tudo esclarecido na Assembleia da República”, disse, referindo-se à audição parlamentar em que João Ribas e a administração de Serralves responderam às perguntas dos deputados. “Portanto, eu considero esse assunto encerrado, agora temos de olhar para o futuro.”
Para Rui Vilar, o futuro de Serralves está ancorado no seu passado: “Serralves vai continuar a ser uma instituição portuguesa de referência com projecção internacional na arte contemporânea, no debate cultural e cívico, no ambiente, na arquitectura e na relação com a comunidade. É expressão da responsabilidade social, do dinamismo e sentido de futuro dos seus fundadores.”
Quanto à data em que será anunciada a nova composição do conselho de administração de Serralves, órgão em que têm assento nove membros, e a provável recondução de Ana Pinho na presidência, Rui Vilar sublinhou que não está nas mãos do CF: “Esse problema só se põe quando terminar o mandato, mas não é um tema para a agenda do CF, é da responsabilidade do conselho de administração.” A nova composição da administração, incluindo a definição dos membros cooptados para o conselho executivo e para a presidência, é depois apresentada ao conselho por mera cortesia.
Foi também esta quarta-feira que ficou a saber-se que o médico e cientista Manuel Sobrinho Simões vai substituir Pedro Pina no conselho de administração. Por conhecer estão agora os nomes que substituirão o advogado Manuel Cavaleiro Brandão e a gestora Vera Pires Coelho, que terminam o seu terceiro mandato no final deste ano. Da administração de Serralves, fazem ainda parte Manuel Ferreira da Silva, Isabel Pires de Lima, Carlos Moreira da Silva, António Pires de Lima e José Pacheco Pereira.
Como os mandatos dos membros do conselho de administração se iniciam a 1 de Janeiro e terminam a 31 de Dezembro passados três anos, segundo os estatutos de Serralves, a reorganização da administração vai ocorrer ainda durante o mês de Dezembro, disse ao PÚBLICO o assessor de imprensa da fundação, Fernando Rodrigues Pereira, "numa reunião expressamente convocada para o efeito", cuja data não foi avançada.
No final da reunião do conselho de fundadores, e através das declarações aos jornalistas do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, soube-se também que a administração da Fundação de Serralves está a recorrer a uma empresa internacional da especialidade para encontrar o próximo director artístico do Museu de Arte Contemporânea, que será escolhido por convite, e não através de um concurso internacional, como aconteceu com João Ribas. Já para o cargo de director do Parque de Serralves foi lançado um concurso internacional, através da empresa Liz Amos Associates, que recebe propostas até 31 de Dezembro, para preencher uma posição deixada vaga desde a saída do arquitecto paisagista João Almeida, em 2016.
Notícia actualizada às 17h41 com informação sobre a metodologia para a renovação da administração de Serralves