Ministério diz estar a trabalhar com técnicos de diagnóstico mas lembra prioridades do país

Técnicos de diagnóstico e terapêutica iniciaram esta quarta-feira a quinta greve deste ano. Profissionais pedem a actualização das grelhas salariais. Na próxima semana haverá uma reunião entre sindicatos e Ministério da Saúde.

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Os técnicos de diagnóstico e terapêutica marcharam até à Assembleia da República, a 29 Outubro, em protesto contra a estrutura da carreira imposta pelo Governo Nuno Ferreira Santos

A ministra da Saúde afirmou que o Governo está a trabalhar para tentar aproximar-se às expectativas dos técnicos de diagnóstico e terapêutica, mas lembrou que é necessário "escolher as prioridades certas". Cerca de uma centena de técnicos de diagnóstico concentrou-se esta quarta-feira frente ao Hospital Santa Maria, em Lisboa, reclamando o fim dos 18 anos em que consideram que as suas carreiras ficaram sempre para trás nas negociações com o Governo.

"Continuamos a trabalhar no sentido de nos aproximarmos às expectativas [dos técnicos de diagnóstico e terapêutica]", afirmou esta quarta-feira, aos jornalistas, a ministra da Saúde. Marta Temido lembrou que, na próxima segunda-feira, haverá reuniões com os sindicatos que representam estes profissionais, que começaram esta quarta-feira uma greve que irá decorrer, em dias intercalados, ao longo deste mês.

Apesar de considerar que o Governo tem feito "o máximo caminho possível para responder às aspirações" destes profissionais, a ministra da Saúde avisa que há que olhar para as prioridades do país.

"Aplica-se a este grupo profissional o que se aplica a outros: os portugueses não nos perdoariam se não escolhêssemos as prioridades certas. Isso implica combinar um conjunto de respostas que muitas vezes são conflituantes", declarou Marta Temido à margem de uma sessão em Lisboa onde foi apresentada o relatório do Conselho Nacional de Saúde "Gerações Mais Saudáveis".

A ministra lembrou que o actual Governo "procedeu à revisão da carreira dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica", mas reconheceu que falta tratar dos temas da transição de alguns profissionais para a nova carreira, bem como da tabela remuneratória.

Primeiro dia de greve

Esta quarta-feira, cerca de uma centena de técnicos de diagnóstico concentrou-se frente ao Hospital Santa Maria, em Lisboa, reclamando o fim dos 18 anos em que consideram que as suas carreiras ficaram sempre para trás nas negociações com o Governo.

A sindicalista Dina Carvalho, do Sindicato dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica, afirmou à Lusa que "se começou sempre com os médicos e os enfermeiros" e cerca de 10.000 trabalhadores foram "sempre os outros", que não viram as suas carreiras revistas, com grelhas de salários e regimes de transição. A mesma referiu que actualmente profissionais da administração pública com o mesmo nível de qualificações têm um salário de 1200 euros e os técnicos de diagnóstico recebem 1000 euros.

No primeiro dia da quinta greve que promovem este ano, têm "esperança zero" que a reunião marcada para a próxima segunda-feira com o Ministério da Saúde resolva alguma coisa, porque não conhecem qualquer proposta do executivo e "não sabem ao que vão".

José Abrãao, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública, disse que o ministro das Finanças, Mário Centeno, "é a questão central da vergonha" que põe a classe de técnicos a ganhar "menos do que no regime geral das carreiras" da função pública, porque insiste que "estas carreiras não podem provocar impacto orçamental".

"Há uma grande revolta", salientou Dina Carvalho, referindo que a última proposta que tiveram da tutela, antes da pasta da Saúde ter passado para a ministra Marta Temido, impunha que 75% dos técnicos de diagnóstico ganhasse o mesmo, "esteja há um ano ou há 30 anos" na profissão.

"Temos uma mão cheia de nada", indicou, destacando a importância do trabalho que fazem, que envolve radiologia, cardiologia, fisioterapia, serviços de sangue e praticamente todos os exames de diagnóstico feitos nos hospitais, num total de 19 profissões.

Durante o mês de Dezembro, os técnicos de diagnóstico irão cumprir doze dias de greve intercalados, mas gostariam de, "na segunda-feira, poder desconvocar todas as greves", pois isso seria sinal de que a tutela lhes tinha apresentado uma proposta de carreira com tudo o que é preciso para ser aplicada, incluindo tabela salarial e sistema de avaliação.