Demissões no Turismo do Porto e Norte fazem cair direcção
Melchior Moreira e Jorge Magalhães, respectivamente presidente e vice-presidente da comissão executiva, não se demitiram. Mas o órgão cai por falta de quórum. Eleições para os novos órgãos sociais marcadas para 18 de Janeiro
Três dos cinco elementos da comissão executiva do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) formalizaram esta quarta-feira a sua demissão durante uma assembleia-geral que marcou para 18 de Janeiro uma assembleia electiva para escolher os novos órgãos sociais.
Os três vogais da comissão executiva que se demitiram são Emídio Sousa, presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Rui Santos, presidente da Câmara de Vila Real, e Joaquim Ribeiro, da Ahresp (Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal).
Jorge Magalhães, vice-presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, não se demitiu, bem como o presidente Melchior Moreira, que tinha sido eleito no início de Junho para um último mandato. Detido a 18 de Outubro, Melchior encontra-se em prisão preventiva, no âmbito da Operação Éter, uma investigação da Polícia Judiciária sobre uma alegada viciação de procedimentos de contratação pública que culminou com a indiciação de cinco arguidos.
Quem se demitiu também foi a direcção da assembleia-geral, liderada pelo presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues. As eleições para este órgão realizar-se-ão também no dia 18 de Janeiro.
Com as três demissões consumadas e a ausência de Melchior Moreira, o órgão cai por falta de quórum.
Logo na abertura dos trabalhos da assembleia-geral, que decorreu em Viana do Castelo, Emídio Sousa comunicou que não aceitava continuar em funções e apresentou a sua demissão da comissão executiva, alegando que o “órgão está ferido de morte”. Disse também que esse era o entendimento do presidente da Câmara de Vila Real, Rio Santos, que o mandatou para falar em seu nome.
“Na altura da detenção do presidente Melchior Moreira manifestei a minha intenção de abandonar a comissão executiva, mas houve um pedido para que me mantivesse mais um pouco e acabei por aceitar, mas considero que agora já não faz sentido manter-me”, declarou ao PÚBLICO o presidente da Câmara de Santa Maria da Feira.
“Para além do melindre que toda esta situação provoca, há a questão da legitimidade do órgão da comissão executiva que está ferido de morte pelo que tem de haver eleições para dar uma nova legitimidade aos órgãos”, acrescentou.
Em declarações ao PÚBLICO, Jorge Magalhães, que foi presidente da Câmara de Lousada, disse que se mantém em funções como vice-presidente até à tomada de posse dos novos órgãos sociais porque “a casa tem de continuar a ser gerida". "Há muitos problemas para resolver”, avaliou.
Quanto às demissões que ocorreram nesta quarta-feira, não se mostra surpreendido e confirma que as pessoas que agora saíram já tinham manifestado essa vontade na sequência do que aconteceu com o presidente Melchior Moreira. “Na primeira abordagem que fizemos da comissão executiva ficou claro que havia pessoas que se queriam demitir”, revela, afirmando que não usou da palavra na assembleia-geral para “não perturbar qualquer decisão, para que não houvesse decisões dúbias”.