Portugal é o país europeu onde o número de programadores mais cresceu
O número destes profissionais em Portugal aumentou 16% em 2018, indica relatório da sociedade capital de risco Atómico.
Portugal é o país europeu onde o número de pessoas formadas em programação mais aumentou no último ano, mas a tendência para a área atrair cada vez mais pessoas alastra-se a vários países.
A informação surge destacada no relatório anual da Atómico, uma sociedade de capital de risco que há quatro anos analisa a evolução do sector tecnológico na União Europeia.
Em 2018, há 5,7 milhões de programadores na Europa – um aumento de 200 mil profissionais face a 2017. Embora a Islândia, a Holanda, a Suíça e a Suécia surjam como os países com a maior densidade de programadores na população, o número programadores em Portugal é o que mais cresceu, com um aumento de 16% face ao ano anterior. É um valor bem superior à média europeia de crescimento, que foi de 4%.
“O sector da tecnologia está a atrair mais participantes – independentemente de medirmos isto pelo aumento de profissionais de saúde ou de executivos de sucesso a chegarem ao sector de tecnologia”, lê-se nas páginas do relatório, publicado esta terça-feira.
As conclusões da Atómico resultam de entrevistas a cinco mil profissionais do sector na UE, combinadas com estatísticas de várias organizações parceiras, como o Laboratório Europeu de Física de Partículas (conhecido pela sigla CERN).
Nota-se também um aumento geral do interesse em tecnologia, com a força de trabalho na área em Portugal a crescer 6% ao longo do último ano (melhor, só a França, onde o crescimento foi de 7%).
De acordo com a Atómico, parte do interesse pela área em Portugal surge devido a histórias de sucesso, como as empresas OutSystems e Talkdesk, que começaram como startups e hoje estão avaliadas em mais de mil milhões de dólares. A OutSystems fez a quarta maior ronda de financiamento da Europa (360 milhões de dólares em Junho de 2018).
O foco em Portugal não se limita à área da grande Lisboa, com dados da Atómico a destacar que o “Porto é o terceiro pólo que mais cresce na Europa”. No começo de Novembro, dados do relatório ScaleUp Portugal já tinham revelado que o Porto é a região com mais fundos investidos e mais receitas geradas, ultrapassando Lisboa pela primeira vez.
É uma tendência europeia, diz Tom Wehmeier, sócio fundador da Atómico. “Tal como outros países da Europa, a tecnologia portuguesa continua a expandir-se para lá da capital.”
Aprender com os erros
Os autores do relatório notam, no entanto, que é importante aprender com os erros do outro lado Atlântico, especialmente, quando o tema é a diversidade. “A tecnologia europeia tem escapado à maioria das criticas que têm envolvido empresas dos EUA”, lê-se no relatório.
No entanto, 46% das mulheres entrevistadas pela Atómico notam que já foram alvo de discriminação no trabalho. A par disto, nas conferências do sector, há apenas 22% de participantes do sexo feminino, e grande parte dos fundos angariados por empresas europeias apoiadas por capital de risco em 2018 (93%) foram para equipas de fundadores exclusivamente masculinos. Os casos levam a Atómico a dizer que a Europa parece ter “um problema de diversidade e de inclusão.”
Para Tom Wehmeier, os resultados são preocupantes e “sugerem que a tecnologia europeia tem um défice significativo em termos de diversidade.”
“A indústria está a falhar em fazer qualquer tipo de progresso significativo. A participação feminina na comunidade tecnológica europeia apenas aumentou um ponto percentual nos últimos dois anos”, lê-se nas conclusões do relatório.
A pesquisa nota que, embora a maioria dos homens considere a área inclusiva, apenas 38% das mulheres partilham dessa opinião.