PP quer governar na Andaluzia e pisca o olho à extrema-direita
Populares perderam votos e deputados nas eleições regionais mas podem destronar o PSOE e voltar ao poder na Andaluzia, liderando uma coligação de direita. Vox pode ser peça chave nas negociações.
A derrota eleitoral do Partido Popular (PP) nas eleições regionais da Andaluzia de domingo está em vias de se tornar num triunfo histórico. Os conservadores espanhóis tiveram menos 300 mil votos e perderam sete deputados, em relação a 2015, mas podem vir a beneficiar do pior resultado de sempre do Partido Socialista (PSOE), da entrada inédita do partido de extrema-direita Vox no parlamento autonómico e do boa prestação do Cidadãos para recuperarem o poder na região e porem fim a quase 40 anos de governos socialistas.
Com apenas 27,9% dos votos, equivalente a 33 deputados — menos 14 do que nas últimas eleições —, a candidatura da socialista Susana Díaz fica longe dos 55 necessários para lograr a maioria absoluta e precisa de se coligar para manter o poder.
Por outro lado, o PP (20,8%, 26 deputados) conseguiu manter-se à frente do Cidadãos (18,3%, 21 deputados) — um dos principais receios do partido para estas eleições, tendo em conta as sondagens dos últimos meses a nível nacional. Se conseguir um pacto com estes e ainda chamar o Vox (11%, 12 deputados) à colação, convidando-os para o governo ou fazendo acordos específicos para receber o seu respaldo no parlamento, pode aspirar a destronar o PSOE.
De fora destas contas do PP está a Adelante Andalucía (16,2%, 17 deputados), a coligação de esquerda composta por Podemos e Esquerda Unida.
Com os populares a assumirem claramente que o seu candidato, Juan Manuel Moreno, se vai apresentar à investidura como presidente da Andaluzia, uma aliança com a extrema-direita — que entra pela primeira vez num parlamento autonómico espanhol — é uma possibilidade forte. “O mandato dos andaluzes foi claro: a Andaluzia quer uma mudança e vai tê-la”, assegurou Moreno.
Mesmo sem referir explicitamente o nome do partido que defende a supressão dos poderes autonómicos, a revogação da lei sobre a violência de género ou a deportação imediata de todos os imigrantes ilegais — e que elegeu 12 deputados sem apresentar uma única proposta para a região andaluz —, o líder do PP, Pablo Casado, anunciou que a “porta das negociações está aberta”.
E Javier Arenas, ex-ministro e ex-secretário geral do PP, revelou que “vai começar a trabalhar imediatamente com todas as forças e grupos políticos” para “encontrar uma maioria alternativa ao PSOE”. “O monopólio de um só partido acabou”, proclamou.
O El País cita ainda fontes da direcção nacional do PP que sublinham que “o Vox veio para ficar”.
O PP perdeu deputados em Almeria, Málaga, Sevilha e Jaén e só em Huelva é que não foi prejudicado, tendo atingido o segundo pior resultado da sua história em termos de votos. Mas a possibilidade de acabar com quatro décadas de governação socialista é o que marca o estado de espírito dos seus dirigentes, reunidos no domingo na sede nacional: “Estamos eufóricos”.