Trabalhadores da Soares da Costa voltam a pedir insolvência da empresa
Depois o problema da Soares da Costa, que continua por resolver, também a MSF Engenharia vai enfrentar um processo de insolvência. Dívidas de Angola levam Sindicato da Construção a ameaçar ir com trabalhadores para a porta do primeiro-ministro.
Há “muitas dezenas de trabalhadores" da Soares da Costa que têm ido junto do Tribunal de Vila Nova de Gaia pedir insolvência da centenária construtora. Quem o garante é o presidente do Sindicato de Construção de Portugal, Albano Ribeiro, que explica que tal tem acontecido por se manterem várias situações de salários em atraso aos trabalhadores, um incumprimento face ao que havia sido definido no PER – Plano Especial de Revitalização que foi aprovado.
“Passados dois meses da data em que devia começar a cumprir o estipulado nesse plano, [o pagamento dos salários] ainda não se verifica por parte da administração. Assim, os trabalhadores da empresa estão a pedir a Insolvência, dada a falta de respeito que a administração está a ter para com os trabalhadores”, denuncia O Sindicato da construção, em comunicado.
Contactado pelo PÚBLICO, o presidente do Conselho de Administração da empresa, Joaquim Fitas, respondeu a partir de Maputo, onde garantiu que estava “a fechar contratos para mais obras”. “Parece-me do mais elementar senso comum que um sindicato serve para defender os trabalhadores e a empresa. Pela nossa parte, estamos a envidar todos os esforços para paulatinamente honrar os nossos compromissos. Ainda hoje efectuámos pagamentos parcelares a todos os trabalhadores”, assegurou Joaquim Fitas.
Sobre a denúncia do sindicato, o presidente da Soares da Costa refere que este tem dado sinais de que “tem uma outra agenda”. “No passado, tem agido reiteradamente de forma muito prejudicial, levando-nos a perder obras importantes, como é do conhecimento público. Só espero que não seja esse senhor Albano Ribeiro a levar ao encerramento da empresa”, acusou.
Problemas agravam-se na MSF Engenharia
Esta troca de acusações surge no mesmo dia em que a MSF Engenharia anunciou a intenção de se apresentar à insolvência. Em comunicado enviado à Lusa, o conselho de administração da MSF Engenharia, presidido por Paulo Silvestre, afirma que a empresa não consegue assegurar recursos financeiros “para fazer face às despesas da sua actividade, em particular os salários vencidos”. “Esgotadas todas as vias que se afiguravam como possíveis para evitar este desfecho, não resta outra alternativa que não seja a apresentação da MSF Engenharia, S.A. à insolvência”, refere.
Entre as vias possíveis para evitar o desfecho estiveram também “os intensos esforços entretanto desenvolvidos, incluindo os efectuados no plano diplomático pelo governo de Portugal, para obter uma solução para a volumosa dívida do governo de Angola nos últimos meses”. Mas também eles se revelaram “infrutíferos”.
"Tivemos expectativa até ao último momento de conseguir evitar o impacto desta insolvência" e "tudo fizemos na tentativa de reverter os problemas que afectam a empresa e de ultrapassar a situação vivida, mas infelizmente isso não foi viável", conclui o presidente da MSF Engenharia.
Albano Ribeiro diz que esta situação da MSF afecta cerca de 400 trabalhadores e que se não forem tomadas medidas rapidamente, e porque “existem outras empresas no sector que têm a receber milhões do Estado angolano”, haverá “mais empresas portuguesas recorrerão a Processos de Insolvência”.
O presidente do Sindicato da Construção anunciou ter pedido uma audiência de emergência ao primeiro-ministro para falar da situação de Angola. “Se o primeiro-ministro não nos receber, vamos com os trabalhadores da Soares da Costa para a porta do primeiro-ministro”, avisou. “Alguém tem de pensar na situação destes trabalhadores e no Natal que eles vão ter”, terminou.