DiscoverEU: uma viagem gratuita ou a oportunidade para se conhecer a verdadeira Europa?
Com esta iniciativa, a UE está a oferecer aos jovens europeus a oportunidade de viajar pelo seu continente, contactando com diferentes realidades e culturas. Está a oferecer, mais do que um simples passe de viagem gratuito, uma oportunidade para conhecerem e redescobrirem a sua Europa.
Burocrata, opaca, estranha, impenetrável, meramente economicista, distante dos problemas dos cidadãos, quando não mesmo a causa dos seus males. É assim que, muitas vezes, é apresentado e entendido o projecto europeu, o mesmo que tem sido o garante da paz, estabilidade, segurança, progresso, bem-estar e liberdade.
Contrariar os fundamentos em que — temos de perceber — assenta essa percepção dos cidadãos e, consequentemente, dos jovens cidadãos europeus, exige certamente a revisão de processos, instrumentos e instituições da União Europeia (UE). Mais ainda, exige, sobretudo, a afirmação da ideia de uma cidadania europeia que, para ser mais do que apenas um conceito jurídico, precisa de um caminho de aprendizagem e experimentação que reforce o sentimento de pertença, identidade e de participação num projecto europeu que, juntos, construímos.
Para essa aspiração é enorme o legado do Erasmus+ — que verá o seu orçamento duplicar no próximo quadro financeiro — e será também, certamente, impactante o contributo do novo Corpo Europeu de Solidariedade que, até 2020, mobilizará 100 mil jovens europeus em projectos solidários e de voluntariado. Na mesma senda, está, também, a nova aposta da União Europeia, o DiscoverEU, cuja segunda fase arranca a 29 de Novembro. Com esta iniciativa, a UE está a oferecer aos jovens europeus a oportunidade de viajar pelo seu continente, contactando com diferentes realidades e culturas. Está a oferecer, mais do que um simples passe de viagem gratuito, uma oportunidade para conhecerem e redescobrirem a sua Europa. A possibilitar a quebra de fronteiras e a criar laços e pontes entre os jovens de todo o continente. Estará a mostrar-lhes que têm um papel primordial neste projecto europeu. A dar-lhes a possibilidade de fazer parte desta construção, mostrando-lhes que a Europa precisa deles no futuro e, sobretudo, desde já.
O desafio foi lançado e os jovens têm mostrado uma vontade enorme de fazer a diferença. A comprová-lo estão os números que nos mostram que esta iniciativa — lançada em Junho e que conta com um orçamento de 12 milhões de euros para 2018 — já levou cerca de 15 mil jovens a viajar por toda a Europa e a participar nos inúmeros eventos que estão a ser organizados para celebrar o Ano Europeu do Património Cultural. Esta aposta fez com que milhares de jovens tivessem já a oportunidade de se reunir, de viajar de cidade em cidade, de descobrir ou redescobrir cada vila, cada aldeia, cada país, enfim, todo um continente, formando uma verdadeira comunidade por toda a Europa.
Esta nova iniciativa é mais um elemento que dá corpo à ideia da importância de valorizar as políticas de juventude como instrumentos de afirmação do próprio projecto europeu. A Europa sabe que precisa dos jovens. Da sua participação, da sua liberdade e cidadania, da sua abertura à diferença e aos outros, do seu espírito europeu humanista e universalista e, sobretudo, dos seus sonhos. E só mesmo a capacidade de sonho permite que a Europa ouse ser Europa!